quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Por que...?


Por que é tão difícil respeitar o diferente?

Por que é mais fácil apontar o dedo antes de averiguar ou conhecer?

Por que o preconceito ainda existe em pleno século XXI?

Por que apesar de todas as religiões ensinarem à seus seguidores a amar o próximo, a ter empatia com o outro e respeitá-lo, mesmo sendo diferente de você, ainda assim seus seguidores apontam o dedo?

Por que os umbandistas acusam os candomblecistas? Os católicos acusam os budistas? Os evangélicos os espíritas?

Por que é tão difícil de entender que somos todos iguais, mesmo tendo cor, orientação sexual, religião, gênero, idade e condição social diferentes?

Por que  eu ainda faço feitiço, com o meu guia, para o outro quebrar o pé ou faço uma oração para o outro perder o emprego, em minha igreja, para tirar do meu caminho se o que a crença que escolhi, seja qual for, me ensina que não devemos fazer isso?

Por que eu ainda quero impor a minha verdade e fazer com que ela seja aceita custe o que custar?

Por que apesar de tudo não posso ter a minha mente aberta para descobrir e aprender coisas diferentes, mesmo tendo a minha fé muito bem definida e resolvida?

Por que o que para mim é tão fácil e simples de se ver, para o outro e tão difícil de compreender?

Por que eu esqueci que quando criança eu não via e nem reparava se a pessoa que eu brincava era diferente a mim?

Por que me ensinaram a enxergar tudo isso e julgar errado tudo e qualquer coisa que seja diferente das escolhas que fiz?

Será que essas pessoas já pararam alguma vez para pensar e refletir que Deus, Cristo, Oxalá, Buda, Zeus, e todas as outras divindades estão tristes por ver e observar essas situações, várias, e várias, e várias vezes?

Será que você já pensou nisso? Já pensou quantas vezes você apontou o dedo por que não acredita em uma crença, ou por que não concorda, ou por que simplesmente não gosta das pessoas que frequentam a religião X ou Y?

Você já pensou nisso?

(Regiane Oho)




"Cresci brincando no chão, entre formigas.
De uma infância livre e sem comparamentos.
Eu tinha mais comunhão com as coisas do que comparação!"

(Manoel de Barros)

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Ser cambono e cambonear


Um esclarecimento para quem ainda tem alguma dúvida sobre o que é cambonear ou a função de ser cambono(a) dentro de um templo.

Na maioria dos terreiros de umbanda, todos os médiuns de incorporação que adentram a corrente mediúnica, e que estão em desenvolvimento, ou seja, ainda em processo de conhecimento da energia dos orixás e entidades, normalmente não passam o tempo todo incorporados durante as giras ou sessões, com isso eles começam a cambonear, começam a auxiliar as entidades, ascendem um pito (fumo) aqui, outro ali, ajudam a providenciar os materiais e ferramentas que serão utilizados durante os trabalhos, ajudam a servir o café do preto-velho, o marafo do exu, a água ou vinho do caboclo, anotam alguns recados dados pelos guias, e dessa forma vão aprendendo, conhecendo e se integrando nas atividades da casa. 

Porém é importante lembrar que normalmente esses médiuns estão sempre sob a orientação de uma cambono(a) chefe. Da mesma forma que os médiuns quando não incorporados camboneam, existem também os médiuns de apoio, aqueles que não incorporam, porém são de suma importância para a corrente permanecer forte e que estão sempre atentos a tudo, observando e que podem e devem também auxiliar, cambonear, quando necessário, pois sabemos que existem algumas casas que o número de médiuns é grande e nem sempre existe uma cambona ou cambono para cada entidade, portanto é sempre muito importante todos da corrente aprenderem como auxiliar as entidades.

Vamos falar um pouco do cargo e função de cambona ou cambono. Podemos dizer que são médiuns não incorporantes que foram consagrados (passaram pelo ritual de consagração), e preparados pelos guias da casa para manipular algumas energias, assentamentos, ferramentas, todo e qualquer material dos médiuns da casa sem que a sua própria energia interfira no material manipulado, além disso, tem a permissão para participar de trabalhos específicos, e deve ter o profundo conhecimento sobre as entidades, orixás, magias e a doutrina e orientação dos guias da casa.

Um cambono(a) deve estar sempre estudando, aprendendo e buscando sempre melhorar para poder ser um bom instrumento da espiritualidade e um bom orientador dos seus irmãos.

Fazem a sustentação energética dos trabalhos, mantendo o padrão vibratório elevado por meio de pensamentos e sentimentos positivos e elevados. 

São eles que ajudam a garantir a segurança, firmeza e proteção para o grupo e para o trabalho. O cambono iniciado tem algumas responsabilidades e deveres que devem ser seguidos com muita seriedade.

Citaremos alguns deles:

- Muitas vezes o cambono é convidado a participar das consultas para anotar algum recado, ou para esclarecer alguma dúvida, enfim, todo sigilo quanto a natureza do assunto é de extrema importância.

- Zelar por todo material ritualístico da casa e do zelador.

- É o cambono que também controla todo o material para que ele não falte.

- Verificar se todo material que será utilizado durante as sessões já foi separado e preparado.

- Auxiliar e orientar os médiuns novos e em desenvolvimento durante as sessões, assim como durante algum trabalho a ser realizado pelos mesmos.

- Um item importantíssimo é, sempre manter as velas acesas, sejam as velas de firmeza da casa que devem ser acesas antes do começo da gira ou as velas de trabalho que são acesas durante a gira na necessidade de se fazer algum trabalho.




sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

A lenda da criação do Ayê (Terra)


O Orixá Oxalá pôs-se a caminho apoiado num grande cajado de estanho, seu òpá osorò ou paxorô, cajado para fazer cerimônias. No momento de ultrapassar a porta do além, encontrou Exu, que, entre as suas múltiplas obrigações, tinha a de fiscalizar as comunicações entre os dois mundos. 

Exu descontente com a recusa do Grande Orixá em fazer as oferendas prescritas, vingou-se o fazendo sentir uma sede intensa. Oxalá, para matar sua sede, não teve outro recurso senão o de furar com seu paxorô, a casca do tronco de um dendezeiro. Um líquido refrescante dele escorreu: era o vinho de palma. 

Ele bebeu ávida e abundantemente. Ficou bêbado, e não sabia mais onde estava e caiu adormecido. Veio então Odudua, criado por Olorum depois de Oxalá e o maior rival deste. 

Vendo o Grande Orixá adormecido, roubou-lhe o "saco da criação", dirigiu-se à presença de Olorum para mostrar-lhe o seu achado e lhe contar em que estado se encontrava Oxalá. Olorum exclamou: 

- Se ele está neste estado, vá você, Odudua! Vá criar o mundo! 

Odudua saiu assim do além e encontrou diante de uma extensão ilimitada de água. 

Deixou cair a substância marrom contida no "saco da criação". Era ayê, a terra. Formou-se, então, um montículo que ultrapassou a superfície das águas. Aí, ele colocou uma galinha cujos pés tinham cinco garras. Esta começou a arranhar e a espalhar a terra sobre a superfície das águas.

Onde ciscava, cobria as águas, e a terra ia se alargando cada vez mais, o que em iorubá se diz ilè nfè, expressão que deu origem ao nome da cidade de Ilê Ifé. 

Odudua aí se estabeleceu, seguido pelos outros orixás, e tornou-se assim o rei da terra. 

Quando Oxalá acordou não mais encontrou ao seu lado o "saco da criação". Despeitado, voltou a Olorum. Este, como castigo pela sua embriaguez, proibiu ao Grande Orixá, assim como aos outros de sua família, os orixás funfun, ou "orixás brancos", beber vinho de palma e mesmo usar azeite-de-dendê. 

Confiou-lhe, entretanto, como consolo, a tarefa de modelar no barro o corpo dos seres humanos, aos quais ele, Olorum, insuflaria a vida.

Por essa razão, Oxalá também é chamado de Alamorere, o "proprietário da boa argila".

Pôs-se a modelar o corpo dos homens, mas não levava muito a sério a proibição de beber vinho de palma e, nos dias em que se excedia, os homens saiam de suas mãos contrafeitas, deformadas, capengas, corcundas. 

Alguns, retirados do forno antes da hora, saíam mal cozidos e suas cores tornavam-se tristemente pálidas: eram os albinos. Todas as pessoas que entram nessas tristes categorias são-lhe consagradas e tornam-se adoradoras de Oxalá.


Cena do curta Òrun Aiyê /Foto: Cristian Carvalho

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Carta de Xangô para seus filhos


"Filho (a), sei que não tem sido nada fácil esse fardo pesado que vens carregando, mas também sei que não me pede pra diminuí-lo e sim para lhe dar mais forças para conseguir carregar, tudo o que tem vivido, todas as decepções tem sido para que te acrescente algo, para que sirva de aprendizado, porque sei que você é ingênuo, as pessoas tentam te passar para trás... 

Mas você é meu (minha) filho (a), guerreiro (a), sensitivo (a)... E sente tudo o que há de ruim pairando no ar, não se preocupe se alguém conseguir te passar para trás eu estarei te zelando, te guardando e isso só poderá acontecer para abrir os seus olhos, para te alertar!

Filho (a), sei que as vezes você tem reclamado da vida, mas te peço que não faça isso, Olorum me deu a permissão para que trouxesse a beleza, a alegria e a justiça para o mundo, para que sua vida seja vivida intensamente.

Você não sabe, mas a noite ao lado da sua cama estou eu... Cantando pra você dormir, para que possa acordar bem, com pensamentos bons, com idéias brilhantes...

Não se preocupe com esse seu senso de justiça... pois você é meu filho, isso é seu e ninguém vai conseguir mudar.

Assim como eu, você quer que a justiça seja sempre feita para todos os seus, só não deixe que isso te atrapalhe...

Filho (a), vou me despedindo nesta carta, mas não em sua vida. Meu oxé sempre será a arma que cobre o seu corpo e alimenta o seu sangue, não deixarei o mal passar!!!

Desejo-lhe filho (a), que haja muito hoje para que possa ser esquecido as mágoas dos ontens.

Minha força sempre estará com você. Filho (a), você é lindo (a), carinhoso (a) e sei que adora ser mimado (a), ser paparicado (a)...

Forte, turrão, cabeça dura, ciumento e as vezes até possessivo (a), mas você é encantador e onde chega é querido (a) por todos.

Comunicativo (a) e inteligente és a mais bela flor do meu jardim. Sempre cheiroso (a) e elegante onde passa chama atenção...

Estou sempre com você onde estiver porque um Pai nunca abandona seu (sua) filho (a), seu choro é meu choro, seu riso é meu riso!!! Eu te amo filho (a)!!!

De seu pai, XANGÔ!

(Autor: Desconhecido)


Xangô no Dique de Tororó - Salvador/Bahia

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

A quaresma e a umbanda


Tempo da Quaresma é o período do ano litúrgico que antecede a Páscoa Cristã, sendo celebrado por algumas igrejas cristãs, dentre as quais: a Católica, a Ortodoxa, a Anglicana e a Luterana.

A expressão Quaresma é originária do latimquadragesima dies (quadragésimo dia). O adjetivo referente a este período é dito quaresmal ou, mais raro, quadragesimal.

Os serviços religiosos desse tempo intentam a preparação da comunidade de fiéis para a celebração da festa pascal, que comemora a ressurreição e a vitória de Cristo depois dos seus sofrimentos e morte, conforme narrados nos Evangelhos.

Esta preparação é feita por meio de jejum, abstinência de carne, mortificações, caridade e orações, começando na quarta-feira de cinzas e terminando no sábado de aleluia.

Segundo a bíblia, a quaresma foi um período na qual Cristo passou por quarenta dias e quarenta noites sob provações e tentações. Provações estas que Cristo pode provar e comprovar a sua fé! 

Apesar da umbanda não seguir a bíblia e não ter nenhum livro onde faça referência ao livro sagrado, esse período é muito presente na religião, pelo simples fato de ter influência da cultura e da crença cristã.

A quaresma espiritualmente falando é um período que os orixás "tiram as suas férias" e os eguns (espíritos) ficam soltos a fim de escolherem continuar sendo o que é, ou seguir seu caminho e conseguir a sua luz. É por isso que o período é muito denso.

É nesse período que quem tem imagens de santos, anjos da guarda e de guias de direita, seja em casa ou no congá nos terreiros, são cobertas por um tecido branco até o final da quaresma.

Nesse período de "férias dos orixás" que nós médiuns passamos por várias provações.  Muitos vêem as provações somente pelo seu lado negativo, mas elas tem o seu lado positivo: fortalecer a nossa fé em nossos orixás e guias espirituais!

Quem guarda o período da quaresma, sendo você de qual religião for, normalmente restringimos alguns alimentos de nosso dia-a-dia e/ou ações em nosso cotidiano.

Normalmente ficamos restritos à carnes vermelhas ou alimentos que gostamos muito e que se retirado do cardápio iremos fazer um sacrifício nesse período. Purificar nossos pensamentos afastando a negatividade, evitar bebidas alcoólicas e relacionamentos sexuais também são algumas atitudes que tomamos para resguardar a quaresma.

Mas tudo isso, todas essas ações não valerá de nada se você não fizer com o seu coração aberto, se você não praticar com sinceridade e colocar em prática os ensinamentos que a umbanda nos trás. 



quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Prece de Cáritas


“Deus nosso Pai, que Sois todo poder e bondade, dai força para aqueles que passam pela provação, dai luz àqueles que procuram a verdade, e ponde no coração do homem a compaixão e a caridade.

Deus, dai ao viajante a estrela Guia, ao aflito a consolação, ao doente o repouso.

Pai, dai ao culpado o arrependimento, ao espírito, a verdade, à criança o guia, ao órfão, o pai.

Senhor, que vossa bondade se estenda sobre tudo que criastes.

Piedade, Senhor, para aqueles que Vós não conhecem, e esperança para aqueles que sofrem.

Que a Vossa bondade permita aos espíritos consoladores, derramarem por toda à parte a paz, a esperança e a fé.

Deus, um raio, uma faísca do Vosso amor pode abrasar a Terra, deixai-nos beber nas fontes desta bondade fecunda e infinita, e todas as lágrimas secarão, todas as dores  se acalmarão.

Um só coração, um só pensamento subirá até Vós, como um grito de reconhecimento e de amor. 

Como Moisés sobre a montanha, nós Vos esperamos com os braços abertos.

Oh, poder! Oh, bondade! Oh, beleza! Oh, perfeição! E queremos de alguma sorte merecer Vossa misericórdia.

Deus! Dai-nos a força de ajudar no progresso afim de subirmos até Vós. Dai-nos a caridade pura e infinita. Dai-nos a Fé e a razão. Dai-nos a simplicidade que fará de nossas almas o espelho que se deve refletir a Vossa doce e divina imagem.

Que assim seja!"



segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Origem da prece de Cáritas

A prece de Cáritas tem sido constantemente orada por várias gerações de espíritas, umbandistas e espiritualistas.

Quando recitada com a entonação correta, é uma prece de proteção extremamente eficaz, mesmo para iniciantes. 

Diz-se que “CÁRITAS” era um espírito que se comunicava através da médium Madame W. Krell, num grupo de Bordeaux (França), sendo ela uma das maiores psicógrafas da história do espiritismo. 

A prece de Cáritas foi psicografada na noite de 25 de dezembro, de 1873, ditada pela suave Cáritas, de quem são, ainda, outras comunicações conhecidas, como: “A esmola espiritual” e “Como servir a religião espiritual”. 

Todas as mensagens que Madame W. Krell psicografava em transe encontram-se no livro Rayonnements de la Vie Spirituelle, publicado em Maio de 1875 em Bordeaux, inclusive, a própria prece de Cáritas escrita em francês (tal e qual como foi transmitida).

PARA QUE SERVE A PRECE DE CARITAS?

A oração de Cáritas não tem um objetivo claro… Ao fazer a sua oração você pode sentir uma elevação e purificação da alma, inspiração ao amor próprio e caridade com o próximo. 

Para além disto e como já foi dito acima, é uma oração muito boa para proteção, basta ler algumas frases para constatar isso mesmo!

A Prece de Cáritas é muito conhecida, principalmente no meio espírita. É uma oração muito forte, que alcança a profundidade da alma e proporciona uma elevada serenidade e paz de espírito.

Nota: é importante que você faça esta oração de uma forma sentida e não de uma forma mecânica e decorada! Pela sua sublime beleza e poder, a prece de Caritas merece todo o seu amor e compreensão!



sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Iemanjá a rainha do mar

Hoje é dia dela, de nossa mãe Iemanjá! A mãe de todos os orixás! A mãe de todas as cabeças! 

E nada mais justo conhecermos mais um itan em nosso blog de nossa mamãe e do jeito mais fofo, através de uma animação encontrada no canal Brasil Cultura no youtube. 

Odocyá! Omiô! Eruia!