quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Por que no Candomblé os yaôs são pintados??

Houve um tempo em que Ikú, a Morte, cansou-se de vagar pelos quatro cantos do mundo a ceifar vidas.

Resolveu então escolher uma cidade ao acaso e lá fazer sua morada. 

Não via necessidade de sair procurando a quem matar se podia muito bem cumprir sua missão em um lugar somente.

A cidade escolhida em pouco tempo cobriu-se de luto.

Iku não poupava a ninguém, adultos e crianças, homens e mulheres, jovens ou velhos, se passassem por ela, iriam para o túmulo.

A população entrou em desespero, não havia mais sossego, sair à rua tornou-se uma perigosa luta entre a vida e a morte.

Todos se esgueiravam pelos caminhos mais recônditos rezando para não serem apanhados pela nova moradora. 

Quando o medo se tornou incontrolável, só viram uma solução, procurar por Oxalá e implorar sua ajuda para que o povoado não desaparecesse de vez.

Oxalá, depois de estudar o caso atentamente, aconselhou que fossem feitas diversas oferendas para muitos orixás e ao final, pintassem uma galinha preta com o giz de efum e a soltassem perto da morada de Ikú.

Os mais velhos foram os escolhidos para esta última tarefa , com muito medo e sem entender como isso ajudaria no caso, pintaram as pontas das penas da galinha com o pó branco e a soltaram no quintal da casa da temida vizinha. 

Durante algum tempo nada aconteceu.

Chegou então a hora em que Ikú deveria sair para cumprir sua tarefa.

Ao abrir a porta e dar de frente com aquele animal tão estranho que avançava para ela com as asas abertas, tomou enorme susto e imediatamente fugiu deixando a cidade em paz.

Foi dessa forma que Oxalá criou a galinha d'angola e é em referência a esta passagem que nos candomblés as iaôs são pintadas como ela para que todos se curvem perante a sabedoria e compaixão do grande orixá!

Yaô de Nanâ - Terciliano Junior