quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Asè para quem é de asè! Saravá para quem é de saravá!

Boa noite meus queridos irmãos de fé!

Acredito que vocês já devem ter assistido alguns videos, no qual está sendo divulgado nas redes sociais, onde mostram claramente o desrespeito, o preconceito de algumas pessoas com a nossa religião, as religiões de matrizes africanas. Eu como faço parte de duas religiões que eu escolhi para mim, e que tenho um orgulho enorme em fazer parte de minha casa, o Terreiro de Umbanda de Ogum de Lei e Vô Firmino de Angola - Ilê Asè Babà Mogì Guna, fico muito triste em olhar tamanha violência contra as pessoas. 

Sim, digo pessoas e não irmãos porque essa ação fere não somente quem faz parte de religiões de matrizes africanas, mas sim pessoas que tem o direito de escolherem a crença que querem seja a católica, evangélica, budista, espírita, wicca, umbandista, candomblecista, xintoísta, entre muitas outras religiões que existem por aí e que muitas vezes nem conhecemos...

E por me sentir ferida também por ver essas ações, me senti no dever de falar um pouco sobre o preconceito religioso. Sobre a intolerância religiosa. Onde muitos pedem a tolerância, eu peço não a tolerância, mas sim o respeito. Eu não quero, e acredito que muitos de vocês também, ser tolerada e sim respeitada! 

E como conseguir tal respeito? Precisamos mudar muita coisa eu sei, começando a mudança por nós mesmos... Sim, pois muitas vezes nos pegamos falando sobre o assunto e sem querer ou querendo, cometemos a mesma atitude preconceituosa que os intolerantes praticam. Nós queremos fazer a mesma coisa com quem praticou a ação e com isso nos tornamos intolerantes religiosos também.

Segunda coisa que precisa ser mudada é a legislação e a politica que rege a nossa sociedade, nutrindo muitas vezes atos, jargões, expressões preconceituosos e que não acontecem nada com as pessoas que as praticam. Por exemplo a menina de onze anos, Kayllane Campos, que foi apedrejada em 14 de junho de 2015, e que com certeza vai levar a sua ferida pelo resto de sua vida. Ou mais recentemente, uma senhora de sessenta e cinco anos, Maria da Conceição Cerqueira da Silva, agredida por sua vizinha, por ser candomblecista e o caso foi registrado apenas por lesão corporal.

Esta parte é muito difícil ser mudada, mas temos que lutar para tal, não podemos desistir... A terceira coisa que precisamos mudar é na educação. A educação dentro de casa e a educação nas escolas. 

Quando falo a educação dentro de casa, me refiro aos responsáveis por um menor, onde devem ensinar que existem muitas coisas e pensamentos diferentes dos nossos e que isso é completamente normal, temos o dever de respeitá-los e não julgá-los.

Quando falo a educação dentro da escola, me refiro aos professores, coordenadores e diretores que são todos responsáveis pela formação de seus alunos para serem cidadãos críticos e que dentro das escolas devem ter sim debates sobre situações que ocorrem na sociedade e projetos que permitam que os alunos conheçam todas as religiões que existem em nossa sociedade, principalmente as religiões de matrizes africanas, a cultura africana e a cultura afro-brasileira.

Desde 2003, as escolas são obrigadas a trabalharem as questões da cultura africana e cultura afro-brasileira com a lei 10.639 e em 2008, além das culturas citadas anteriormente, acrescenta a cultura indígena com a lei 11.645. 

Como podemos ver, para conseguirmos amenizar as situações de intolerância religiosa, temos que mudar muitas coisas e que nós todos somos também responsáveis pela mudança que tanto sonhamos. Não basta apenas apontar o que os outros devem fazer, temos que reconhecer as nossas responsabilidades também e que devemos lutar para isso.

Eu não sou a dona da verdade e nem quero ser. Eu sou mais uma pessoa que vive em uma sociedade onde cresce cada vez mais, os casos de preconceitos e atos de intolerância religiosa, e de outros tipos de preconceitos que também temos consciência, e que quer ajudar de alguma maneira a diminuir esses números e a divulgar nossa cultura para que haja o respeito.

Eu espero de coração, que quem esteja lendo este texto, reflita em suas atitudes, repensem em seus valores e tomem o cuidado para não propagar mais ainda o ódio que está sendo espalhado pelo mundo afora. Pelo contrário, que espalhem amor e respeito pelo nosso mundo, ele está precisando e muito! Só assim podemos pensar em mudar algo! 

Vou finalizar nossa conversa com um vídeo que foi bastante compartilhado nas redes sociais, creio que vocês já devam ter visto, onde a Mariana Souza recita sua poesia chamada "Tudo começa pelo respeito". 




(Regiane Oho)

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