terça-feira, 5 de setembro de 2017

Oxalá e Xangô

Conta a lenda que Oxalá queria ver muito o seu filho Xangô na cidade de Oyó. Neste tempo as pessoas, antes de sair de sua cidade para viajar, consultavam Ifá para saber se seria um bom momento ou não a se realizar o que queria. Não diferente, Oxalá foi consultá-lo:

- Ifá estou com muitas saudades de meu filho que mora na cidade de Oyó. Gostaria muito de revê-lo...

Ifá pegou suas ferramentas e depois de muito observar os objetos respondeu:

- Não é um bom momento para viajar não...

- Mas faz um bom tempo que não o vejo - disse muito triste.

- Tudo bem, mas para você ir, precisa fazer algumas coisas. Antes de viajar você vai se banhar e colocar um roupa toda branca, ficar tranquilo, levar três mudas de roupas limpas e não pare no caminho para ninguém e por ninguém. Chegando em Oyó, não fale com nenhuma pessoa até encontrar com seu filho.

- Tudo bem. Vou fazer isto.

No dia de sua viajem, Oxalá se banhou, trocou a sua roupa, arrumou sua bagem e iniciou sua jornada. No meio do caminho encontrou um senhor, com uma aparência muito cansado carregando um balaio cheio de carvão. Este senhor pediu ajuda para Oxalá que pensou:

"Ifá disse para não conversar com ninguém. Não deve ter problema nisso. Vou ajudá-lo."

Pensando nisso, Oxalá já ia pegando o balaio e de repente os carvões todos caíram sobre a sua cabeça, sujando toda a sua roupa. Vendo essa situação toda ouviu o senhor rindo e quando olhou viu Exu.

- Ha ha ha ha ha ha ha!!! Exu enganou Oxalá! Agora ele está todo sujo!

Oxalá vendo e ouvindo tudo isto pegou suas coisas, procurou um rio para se lavar e trocar suas roupas. Terminando, continuou sua jornada onde encontrou novamente um senhor com um porrão cheio de vinho de palma.

Este senhor pediu novamente ajuda e novavamente Oxalá ajudou. Quando foi pegar o porrão, o vinho todo caiu sobre ele, sujando-o novamente. Oxalá ouviu mais uma vez uma gargalhada e viu Exu que falou:

- Enganei novamente Oxalá! Oxalá está cheio de vinho de palma!

Mais uma vez Oxalá pegou suas coisas, procurou um rio para se lavar e trocar pela segunda vez a sua roupa. Continuou sua viajem e mais para frente encontrou novamente um senhor que carregava um porrão de dendê. Mais uma vez um pedido de ajuda foi feito e mais uma vez Oxalá estava pronto a ajudar

Quando ia levantar o porrão, Oxalá se sujou todo de dendê e pela terceira vez ouviu uma gargalhada e viu Exu dizendo:

- Enganei pela terceira vez Oxalá! Oxalá não cansa de ser engando por Exu...?

Muito triste, foi procurar um rio para se lavar. enquanto se limpava Oxalá lembrou do que Ifá disse á ele e decidiu não ajudar mais ninguém. Chegando na cidade de Oyó, todo sujo e cansado, viu o cavalo que dera a seu filho perdido e foi pegá-lo para levar até o seu dono, já que deveria ter fugido.

Alguns soldados do reino de Xangô avistou o cavalo reconhecendo o animal. Pensando que era o ladrão de cavalos, pois a aparência que Oxalá tinha era irreconhecível, levaram-no para o reino e prenderam-no. 

Desta vez Oxalá lembrou que Ifá tinha dito para não falar nada chegando á cidade e não se defendeu. Ficou calado, preso por muito tempo e por nada o que acontecesse Oxalá falou uma palavra.

Com o tempo, Oyó começou a passar uma dificuldade muito grande. As colheitas estavam minguando, a terra ficou arenosa e as águas estavam escassas. Xangô foi consultar Ifá que lhe disse que em seu reino havia um inocente preso.

Xangô que não suportava injustiças, pediu para seus soldados verificarem os presos e queria saber quem era este preso inocente. Algum tempo depois, Xangô viu os soldados trazerem um senhor, de barba e longos cabelos brancos e ao se aproximarem reconheceu o seu pai. Xangô muito envergonhado, pediu perdão a ele e o carregou em suas costas até a sua casa para que Oxalá pudesse se banhar e pediu a seu reino para preparar a maior e melhor festa que a cidade de Oyó já teve para se redimirem de seu pai.



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