Houve um tempo em que Ikú, a Morte, cansou-se de vagar pelos quatro cantos do mundo a ceifar vidas.
Resolveu então escolher uma cidade ao acaso e lá fazer sua morada.
Não via necessidade de sair procurando a quem matar se podia muito bem cumprir sua missão em um lugar somente.
A cidade escolhida em pouco tempo cobriu-se de luto.
Iku não poupava a ninguém, adultos e crianças, homens e mulheres, jovens ou velhos, se passassem por ela, iriam para o túmulo.
A população entrou em desespero, não havia mais sossego, sair à rua tornou-se uma perigosa luta entre a vida e a morte.
Todos se esgueiravam pelos caminhos mais recônditos rezando para não serem apanhados pela nova moradora.
Quando o medo se tornou incontrolável, só viram uma solução, procurar por Oxalá e implorar sua ajuda para que o povoado não desaparecesse de vez.
Oxalá, depois de estudar o caso atentamente, aconselhou que fossem feitas diversas oferendas para muitos orixás e ao final, pintassem uma galinha preta com o giz de efum e a soltassem perto da morada de Ikú.
Os mais velhos foram os escolhidos para esta última tarefa , com muito medo e sem entender como isso ajudaria no caso, pintaram as pontas das penas da galinha com o pó branco e a soltaram no quintal da casa da temida vizinha.
Durante algum tempo nada aconteceu.
Chegou então a hora em que Ikú deveria sair para cumprir sua tarefa.
Ao abrir a porta e dar de frente com aquele animal tão estranho que avançava para ela com as asas abertas, tomou enorme susto e imediatamente fugiu deixando a cidade em paz.
Foi dessa forma que Oxalá criou a galinha d'angola e é em referência a esta passagem que nos candomblés as iaôs são pintadas como ela para que todos se curvem perante a sabedoria e compaixão do grande orixá!
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Yaô de Nanâ - Terciliano Junior |
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