Obá vivia em companhia de Oxum e Iansã, no reino de Oyó, como uma das esposas de Xangô, dividindo a preferência do reverenciado rei entre as duas yabás (orixás femininos).
Obá percebia o grande apreço que Xangô tinha por Oxum, que mimosa e dengosa, atendia sempre a todas as preferencias do rei, sempre servindo e agradando aos seus pedidos. Obá resolveu então, perguntar para Oxum qual era o grande segredo que ela tinha, para que levasse a preferência do amor de Xangô, vez que Iansã, andava sempre com o rei em batalhas e conquistas de reinados e terras, pelo seu gênio guerreiro e corajoso e Obá era sempre desprezada e deixada por último na lista das esposas de Xangô.
Oxum então, matreira e esperta, falou que seu segredo era em como preparar o amalá de Xangô principal comida do rei, que lhe servia sempre que deseja-se bons momentos ao lado do patrono da justiça.
Obá, como uma menina ingênua, escutou e registrou todos os ingredientes que Oxum falava, sendo que por fim Oxum, falou que além de tudo isso, tinha cortado e colocado uma de suas orelhas na mistura do amalá para enfeitiçar Xangô.
Obá agradeceu a sinceridade de Oxum e saiu para fazer um amalá em louvor ao rei, enquanto Oxum, ria da ingenuidade de Obá que, sempre atenta a tudo, não percebeu que Oxum mentira, pois ela encontrava-se com suas duas orelhas, e falou isso somente para debochar de Obá.
Obá em grande sinal de amor pelo seu rei, preparou um grande amalá, e por fim cortou uma de suas orelhas colocando na mistura e oferecendo à Xangô como gesto de seu sublime amor. Xangô ao receber a comida, percebeu a orelha de Obá na mistura, e esbravejou e gritou.
Oxum e Obá, apavoradas, fugiram e se transformaram nos rios que levam os seus nomes. No local de confluência dos dois cursos de água, as ondas tornam-se muito agitadas em conseqüência da disputa entre as duas divindades. E, até hoje quando manifestadas em seus yaôs elas dançam simbolizando uma luta.
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