Quando Omolu era um menino de uns doze anos, saiu de casa e foi para o mundo para fazer vida.
De cidade em cidade, de vila em vila, ele ia oferecendo seus serviços, procurando emprego.
Mas Omolu não conseguia nada.
Ninguém lhe dava o que fazer, ninguém o empregava.
E ele teve que pedir esmola, mas ao menino ninguém dava nada, nem do que comer, nem do que beber.
Tinha um cachorro que o acompanhava e só.
Omolu e seu cachorro retiraram-se no mato e foram viver com as cobras.
Omolu comia o que a mata dava: frutas, folhas, raízes.
Mas os espinho da floresta feriam o menino.
As picadas de mosquito cobriam-lhe o corpo.
Omolu ficou coberto de chagas.
Só o cachorro confortava Omolu, lambendo-lhe as feridas.
Um dia, quando dormia, Omolu escutou uma voz: “estás pronto. Levanta e vai cuidar do povo”.
Omolu viu que todas as feridas estavam cicatrizadas. Não tinha dores nem febre.
Obaluaê juntou as cabacinhas, os atós, onde guardava água e remédios que aprendera a usar com a floresta, agradeceu a Olorum e partiu.
Naquele tempo uma peste infestava a Terra.
Por todo lado estava morrendo gente.
Todas as aldeias enterravam os seus mortos.
Os pais de Omolu foram ao babalaô e ele disse que Omolu estava vivo e que ele traria a cura para a peste.
Todo lugar aonde chegava, a fama precedia Omolu. Todos esperavam-no com festa, pois ele curava.
Os que antes lhe negaram até mesmo água de beber agora imploravam por sua cura.
Ele curava todos, afastava a peste.
Então dizia que se protegessem, levando na mão uma folha de dracena, o peregum, e pintando a cabeça com efum, ossúm e wági, os pós branco, vermelho e azul usados nos rituais e encantamentos.
Curava os doentes e com o xaxará varria a peste para fora da casa, para que a praga não pegasse outras pessoas da família.
Limpava casas e aldeias com a mágica vassoura de fibras de coqueiro, seu instrumento de cura, seu símbolo, seu cetro, o xaxará.
Quando chegou em casa, Omolu curou os pais e todos estavam felizes.
Todos cantavam e louvavam o curandeiro e todos o chamaram Obaluaê, todos davam vivas ao Senhor da Terra!
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