quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Ori faz o que os Orixás não fazem.

Orunmilá reuniu todos os deuses em sua casa e lhes fez a seguinte pergunta:

- Quem dentre os orixás pode acompanhar o seu devoto numa longa viagem além dos mares e não voltar mais?

Xangô respondeu que ele podia.

Então foi lhe perguntado o que ele faria depois de ter andado, andado e andado até as portas de Cossô, a cidade de seus pais. Onde iam preparar-lhe um amalá e oferecer-lhe uma gamela de farinha de inhame. Onde lhe dariam orobôs e um galo, um aquicó. Xangô respondeu:

- Depois de me fartar, retomarei à minha casa!

Então foi dito a Xangô que ele não conseguiria acompanhar seu devoto numa viajem sem volta além dos mares.

Aos que entravam pela porta e ali ficavam de pé, Ifá fez a pergunta:

- Quem dentre os orixás pode acompanhar seu devoto numa longa viagem além dos mares e não voltar mais?

Oiá respondeu que ela poderia. Foi-lhe perguntado o que ela faria depois de caminhar uma longa distância, caminhar, caminhar e chegar à cidade de Irá, o lar de seus pais, onde lhe ofereceriam uma gorda cabra e lhe dariam um pote de cereal. Oiá respondeu:

- Depois de comer até me satisfazer, voltarei para casa!

Foi dito a Oiá que ela não poderia acompanhar seu devoto numa viagem sem volta além dos mares.

A todos os orixás reunidos por Orunmilá, Ifá fez a seguinte pergunta:

- Quem dentre os orixás pode acompanhar seu devoto numa longa viagem além dos mares e não voltar mais?

Oxalá respondeu que ele poderia. Foi-lhe perguntado então o que ele faria depois de caminhar uma longa distância, caminhar, caminhar e chegar na cidade de Ifom, o lar de seus pais, onde matariam duzentos igbins servidos com melão e vegetais. Oxalá respondeu:

- Depois de comer até me satisfazer, voltarei para minha casa!

Foi dito a Oxalá que ele não poderia acompanhar seu devoto numa viagem sem volta além dos mares.

A todos os deuses reunidos por Orunmilá, Ifá fez a seguinte pergunta:

- Quem dentre os orixás pode acompanhar seu devoto numa longa viagem além dos mares e não voltar mais?

Exu respondeu que ele poderia acompanhar o seu devoto numa longa viagem além dos mares e não voltar mais. Então foi-lhe perguntado: 

- O que farás depois de caminhar uma longa distância, caminhar, caminhar e chegar na cidade de Queto, o lar de seus pais, e ali te derem um galo e grande quantidade de azeite de dendê e aguardente? 

Ele respondeu que deposi de se fartar, voltaria para sua casa. foi dito a Exu:

- Não, não poderias acompanhar seu devoto numa viagem além dos mares e não voltar mais.

A todos os deuses reunidos por Orunmilá, Ifá fez a seguinte pergunta:

- Quem dentre os orixás pode acompanhar seu devoto numa longa viagem além dos mares e não voltar mais?

Ogum respondeu que ele sim poderia. Foi-lhe perguntado o que ele faria depois de caminhar uma longa distância, caminhar, caminhar e chegar na cidade de Irê, o lar de seus pais, onde haviam de lhe oferecer feijões pretos cozidos e lhe matar um cachorro e um galo. Ogum respondeu:

- Depois de comer até me satisfazer, voltarei para minha casa cantando alto e alegremente pelo caminho!

Foi dito a Ogum que ele não poderia acompanhar seu devoto numa viagem sem volta além dos mares.

A todos os orixás reunidos por Orunmilá, Ifá fez a seguinte pergunta:

- Quem dentre os orixás pode acompanhar seu devoto numa longa viagem além dos mares e não voltar mais?

Oxum disse que ela podia. Foi-lhe perguntado:

- O que farias depois de caminhar uma longa distância, caminhar, caminhar e chegar na cidade de Ijimu, o lar de seus pais, onde te dariam cinco pratos de feijão fradinho com camarão, tudo acompanhado de vegetais e cerveja de milho?

 Oxum respondeu:

- Depois de me saciar, voltaria para minha casa!

Foi dito a Oxum que ela não poderia acompanhar seu devoto numa viagem sem volta além dos mares.

A todos os orixás reunidos por Orunmilá, Ifá fez a seguinte pergunta:

- Quem dentre os orixás pode acompanhar seu devoto numa longa viagem além dos mares e não voltar mais?

O próprio Orunmilá respondeu que poderia. Foi-lhe perguntado: 

- O que farás depois de caminhar uma longa distância, caminhar, caminhar e chegar na cidade de Igueti, o lar de seus pais, onde vão te oferecer dois ligeiros preás, dois peixes que nadam graciosamente, duas aves femêas com grandes fígados, duas cabras pesadas e prenhas, duas novilhas com grandes chifres? E onde vão te preparar inhames pilados, mingaus de farinhas brancas e a mais preciosa de todas as cervejas? E também te oferecer os mais saborosos obis e as melhores pimentas doces?

- Depois de me fartar - respondeu Orunmilá - voltarei para casa!

O sacerdote de Ifá ficou pasmo. Não conseguia uma palavra sequer. Porque ele simplesmente não entendia essa parábola. Disse ele:

- Orunmilá, eu confesso minha incapacidade. Por favor, ilumina-me com tua sabedoria. Orunmilá, és o lider, eu sou o teu seguidor. Qual é a resposta para a pergunta sobre quem dentre os deuses pode acompanhar seu devoto numa viagem sem volta além dos mares?

Falou Orunmilá:

- Quando morre um sacerdote de Ifá, dizem que seus apetrechos de adivinhação devem ser deixados numa corrente d'água. Quando morre  um devoto de Xangô, dizem que suas ferramentas devem ser despachadas. Quando morre um devoto de Oxalá, dizem que sua parafernália deve ser enterrada.

Disse também Orunmilá:

- Mas quando os seres humanos morrem, a cabeça nunca é separada do corpo para o enterro. Não. Lá está Ori. Lá vai ele junto com o seu devoto morto. Somente o Ori pode acompanhar para sempre seu devoto, para sempre em qualquer lugar.

Falou ainda Orunmilá:

- Pois o Ori é o único que pode acompanhar seu devoto numa viagem sem volta além dos mares!

(Livro: Mitologia dos Orixás - Reginaldo Prandi)


Artista: Marcelo Terça Nada

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

O homem que se chamava Ogãn

Um itan que os mais velhos nos conta é   que:

Legbara (Bara) fazia a festa dos orixás cantando e batendo.

Bara sempre foi sem limites... com ele não tinha hora para acabar a festa. Deixava os orixás contrariados e eles acabaram  reclamando com Olodumare sobre a conduta de Bara sem limite.

Bara atendeu Olodumare e disse:

- Tudo bem!!! Não canto e nem bato atabaque mais para os orixás.

Um dia os orixás precisaram de Bara para festejar e Bara falou para os orixás:

- NÃO CANTO E NEM BATO PARA VOCÊS NUNCA MAIS!

Os orixás foram falar de novo com Olodumare. Pediram para que viesse a interceder na decisão de Bara.

Olodumare vai falar com Bara que diz:

- Nunca mais canto ou bato para os orixás!!! 

E fez um trato com Olodumare:

- Crie HOMENS de baixa mediunidade espiritual que ensino a cantar e bater atabaque. Neste exato momento de conversa estava passando um HOMEM e Olodumare falou para Bara:

- Ensina este HOMEM !!!

Bara falou:

- ENSINO!!!

E perguntou o nome do HOMEM que respondeu:

- Meu nome é OGÃN.

Por este motivo todos que toca e canta em ATABAQUE DE CANDOMBLÉ É CHAMADO DE OGÃN.

O legado dos nossos antepassados é ogãn homem e somente homem toca e canta no candomblé.

Na hierarquia do candomblé MULHER NÃO BATE ATABAQUE. 


terça-feira, 28 de novembro de 2017

Parábola do cavalo

Um fazendeiro, que lutava com muitas dificuldades, possuía alguns cavalos para ajudar nos trabalhos em sua pequena fazenda. Um dia, seu capataz veio trazer a notícia de que um dos cavalos havia caído num velho poço abandonado.

O poço era muito profundo e seria extremamente difícil tirar o cavalo de lá. O fazendeiro foi rapidamente até o local do acidente, avaliou a situação, certificando-se que o animal não se havia machucado. 

Mas, pela dificuldade e alto custo para retirá-lo do fundo do poço, achou que não valia a pena investir na operação de resgate. Tomou, então, a difícil decisão: determinou ao capataz que sacrificasse o animal jogando terra no poço até enterrá-lo, ali mesmo.

E assim foi feito: os empregados, comandados pelo capataz, começaram a lançar terra para dentro do buraco de forma a cobrir o cavalo. 

Mas, à medida que a terra caía em seu dorso, o animal a sacudia e ela ia se acumulando no fundo, possibilitando ao cavalo ir subindo.

Logo os homens perceberam que o cavalo não se deixava enterrar, mas, ao contrário, estava subindo à medida que a terra enchia o poço, até que, finalmente, conseguiu sair!

(Narrado pelo Sr. Exu Sete Porteiras)


segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Oyê de Babalorisà Álvaro ty Osogyian

A bença meu pai! 

No dia 23 de novembro, quinta-feira que passou, o oyê do senhor completou três anos.

Sete anos se passaram dentro do candomblé! Sete anos de muita luta, carinho e amor pelo sagrado! Neste artigo vamos recordar um pouco deste momento maravilhoso que foi!☺

Terreiro de Umbanda de Ogum de Lei e Vô Firmino de Angola - Ilê Asè Babà Mogì Guna

Xirê

Nosso Avô Babalorisà Wagner ty Osùn

Nosso Pai Babalorisà Álvaro ty Osogyian




Babà Osogyian

Babà Osogyian

Coquim Baiano!

Os baianos representam a força do fragilizado, o que sofreu e aprendeu na “escola da vida” e, portanto, podem ajudar as pessoas. O reconhecido caráter de bravura e irreverência do nordestino migrante, parece ser responsável pelo fato de os baianos terem se tornado uma entidade de grande freqüência e importância nas giras de todo o país, nos últimos anos.

Os baianos da umbanda são pouco presentes na literatura da religião. Povo de fácil relacionamento, comumente aparece em giras de Caboclos e pretos velhos, sua fala é mais fácil de se entender que a fala dos caboclos. Conhecem de tudo um pouco, inclusive a quimbanda, por isso podem trabalhar tanto na direita desfazendo feitiços, quanto na esquerda.

Quando se referem aos exus usam o termo “meu compadre”, com quem tem grande afinidade e proximidade, costumam trazer recados do povo da rua, alguns costumam adentrar na tronqueira para algum “trabalho”.

Enfrentam os invasores (kiumbas, obsessores) de frente, chamando para si toda a carga com falas do gênero “venha me enfrentar, vamos vê se tu pode comigo”.

Buscam sempre o encaminhamento e doutrina, mas quando o zombeteiro não aceita e insiste em perturbar algum médium ou consulente, então os baianos se encarregam de “amarrá-lo” para que não mais perturbe ou até o dia que tenha se redimido e queira realmente ser ajudado.

Costumam dizer que se estão ali “trabalhando” é porque não foram santos em seu tempo na terra, e também estão ali para passarem um pouco do que sabem e principalmente aprenderem com o povo da terra. São amigos e gostam de conversar e contar causos, mas também sabem dar broncas quando vêem alguma coisa errada.

Nas giras eles se apresentam com forte traço regionalista, principalmente em seu modo de falar cantado, diferente, eles são “do tipo que não levam desaforo pra casa”, possuem uma capacidade de ouvir e aconselhar, conversando bastante, falando baixo e mansamente, são carinhosos e passam segurança ao consulente que tem fé.

Os baianos na umbanda são “doutrinados”, se assim podemos dizer, apresentando um comportamento comedido, não xingam, nem provocam ninguém. Os trabalhos com a corrente dos baianos, trazem muita paz, passando perseverança, para vencermos as dificuldades de nossa jornada terrena.

A entidade pode vir na linha de baianos e não ser necessariamente da Bahia, da mesma forma que na linha das crianças nem todas as entidades são realmente crianças.

Os baianos são das mais humanas entidades dentro do terreiro, por falar e sentir a maioria dos sentimentos dos seus consulentes. Talvez por sua forma fervorosa de se apresentar em seus trabalhados no terreiro, aparentem ser uma das entidades, mais fortes ou dotadas de grande energia (e na verdade são), mas na umbanda não existe o mais forte ou fraco são todos iguais, só a forma do trabalho é que muda. Adoram trabalhar com outras entidades como erês, caboclos, marinheiros, exus, etc.

São grande admiradores da disciplina e organização dos trabalhos. São consoladores por natureza e adoram dar a disciplina de forma brusca e direta diferente de qualquer entidade.


Nesta linha, os baianos usam sempre muita mandinga para ajudar os zeladores da casa e os médiuns que respeitem o seu terreiro fazem e não são espalhafatosos, é aí, que aqueles médiuns que se acham os donos da verdade e acham que o terreiro foi feito pra eles, se dão mal.

É de se admirar muito, das pessoas que dizem que tem tanto tempo no santo e pouco conhecem essa linha que trabalham com muitas ligações com os “compadres”, os “exus”.

Os que pensam que são muitos espertos saem do terreiro sem entender nada e nem reparam que os baianos os afastam sem maior problemas e ainda fazem que eles levem os seus piores pensamentos e seus orgulhos.

Características dos Baianos

Comidas: Coco, cocada, farofa com carne seca.

Saudação: É da Bahia, meu Pai! / Coquim baiano!

Bebem: Água de coco, cachaça, batida de coco.

Fumam: Cigarro de palha.

Trabalham: Desmanchando trabalhos de magia negra, dando passes, etc,. São portadores de fortes orações e rezas. Alguns trabalham benzendo com água e dendê.

Cor: branco ou amarelo gema ou qual for definida pela entidade

Apresentação: Usam chapéu de palha ou de couro e falam com sotaque característico nordestino. geralmente usam roupas de couro.

Nomes de Alguns Baianos: Severino, Zé do Coco, Sete Ponteiros, Mané Baiano, Zé do Berimbau, Maria do Alto do Morro, Zé do Trilho Verde, Maria Bonita, Gentileiro, Maria do Balaio, Maria Baiana, Maria dos Remédios, Zé do Prado, Chiquinho Cangaceiro, Zé Pelintra (que trabalham também na linha de Malandros).



sexta-feira, 24 de novembro de 2017

⚱ O Vaso rachado ⚱

Uma velha chinesa tinha dois grandes vasos, cada um suspenso na extremidade de uma vara que ela carregava nas costas.

Um dos vasos era rachado e outro era perfeito. Todos os dias ela ia ao rio buscar água, e ao fim da longa caminhada do rio até a casa o vaso perfeito chegava sempre cheio de água, enquanto o vaso rachado chegava meio vazio. 

Naturalmente o vaso perfeito tinha muito orgulho  do seu próprio resultado e o pobre vaso rachado tinha vergonha do seu defeito, de conseguir só fazer a metade daquilo que deveria fazer.

Ao fim de dois anos, refletindo sobre sua própria amarga derrota de ser rachado, durante o caminho para o rio o vaso rachado disse à velha:

- Tenho vergonha de mim mesmo, porque esta rachadura que tenho faz-me perder metade da água até a sua casa...

A velha sorriu:

- Reparaste que lindas flores há ao teu lado do caminho, somente no teu lado?

- Eu sempre soube do teu defeito e portanto plantei sementes de flores na beira da estrada do teu lado. Todos os dias, enquanto voltávamos do rio, tu regava-as.

- Foi assim durante dois anos, pude apanhar belas flores para enfeitar a mesa e alegrar o meu jantar. Se tu não fosses como és, não teria tido aquelas  maravilhas na minha casa.

- Cada um de nós tem seu próprio defeito, mas é o defeito que cada um de nós tem, que faz com que nossa convivência seja interessante e gratificante. É preciso aceitar cada um pelo que é, e descobrir o que há de bom nele!

Ame as pessoas com seus defeitos...
AME apenas AME !


quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Por que ficar descalço no terreiro?

Todo umbandista já deve ter ouvido a frase “Umbanda é pé no chão”. Mas será que todos sabem o porquê de ficarmos descalços em nossos terreiros?

São três motivos principais:

O primeiro é que o solo representa a morada dos nossos antepassados e quando estamos descalços tocando com os pés no chão, estamos entrando em contato com entes ancestrais e, consequentemente, com todo o conhecimento e a sabedoria que esse passado nos guarda.

O segundo motivo pelo qual tiramos os calçados, é o respeito ao solo sagrado do terreiro. Imagine vir da rua com os sapatos sujos e entrar com eles onde nossos trabalhos espirituais são realizados, seria como alguém entrar em nossa casa carregando uma montanha de lixo que vai caindo e se espalhando por todos os cantos. Diante desta situação você diria o quê? No mínimo, que essa tal pessoa não tem respeito por você ou pela sua casa.

O terceiro motivo é o fato de que naturalmente nós atuamos como “para-raios” e ao recebermos qualquer energia mais forte, se estivermos descalços sem nenhum material isolante entre nosso corpo e o chão, ela automaticamente se dissipa no solo. É uma forma de garantir a segurança do médium para que não acumule ou leve determinadas energias consigo.

Além de tudo isso, podemos dizer também que realizar nossos trabalhos espirituais descalços é uma forma de representar a humildade e a simplicidade do rito umbandista.

Vale lembrar que no início, este costume, nos cultos de origem africana, tinha outro significado. Os pés descalços eram um símbolo da condição de escravo, de coisa, uma vez que o escravo não era considerado um cidadão e estava, por exemplo, na mesma categoria do gado bovino das fazendas. 

Quando liberto a primeira coisa que o negro procurava fazer, era comprar sapatos que eram o símbolo de sua liberdade e de certa forma, faziam com que ele fosse incluso na sociedade formal. O significado da “conquista” dos sapatos era tão profundo que muitas vezes eles eram colocados em lugar de destaque na casa para que todos os vissem. 

No entanto, ao chegar ao terreiro, espaço que havia sido transformado magisticamente em solo africano, os sapatos tornavam-se novamente apenas um símbolo de valores da sociedade branca e eram deixados do lado de fora. Ali, os negros sentiam-se de novo na África e podiam retornar à sua condição de guerreiros, sacerdotes, príncipes, caçadores, etc. 




terça-feira, 21 de novembro de 2017

Por que não se pode assobiar?

Esù é o Dono do Assovio e assoviar é provocá-lo. Seus assovios são intempestivos e penetrantes de tal maneira que assustam os velhos, que estes não se atrevem jamais a assoviar, com medo que Esù responda. 

É ele quem assovia nas paragens desertas e nas casas abandonadas, como se sabe, a noite é o domínio de “entidades” de todos os tipos, mas durante o dia há horas perigosas que convém levar em conta: o meio-dia e às seis da tarde, quando vagam algumas “entidades” durante alguns momentos e nestes horários Esù abandona as portas e as casa ficam sem defesa, se assoviarem durante este período, qualquer um destes poderá entrará na casa... 

Esta é a razão pela qual se verte água na porta da rua e ninguém deve entrar ou sair de uma casa nestes horários. A meia-noite a pior de todas as horas, já transitam Egungun, Èsù e Àjés com toda liberdade, então em hipótese alguma assovie, sobre tudo em altas horas da noite... 

Esù está difundido por todas as partes “em uma rede numerosa”, todos se comunicam entre si, se enganam mutuamente – “o Esù da porta, quando recebe a oferenda de um animal destinado somente ele, dá um jeito de afastar o Esú da esquina” - ou se solidarizam uns com os outros por vingança. 

O que guarda a porta confabula com o da esquina, o da esquina com o dos quatro caminhos, o dos quatro caminhos com o da floresta e assim sucessivamente... 

Desta forma é necessário que o da porta esteja satisfeito, “que seja ofertado antes de todos” conforme dispôs Olófin, segundo certas versões de Ifá e de acordo com outras, para que não atrapalhe a trajetória normal da vida e para que este Esù não assovie para o Esù da esquina, o encrenqueiro e revoltado, o qual, por sua vez, não assoviará para o Esù dos quatro caminhos e este, para o Esù da Floresta e assim por diante... 

Se o da porta assoviar e se eles acudirem a seu chamado, todos se introduzirão numa casa e nela ocorrerá alguma tragédia lamentável. “Para aquele que assovia, todos os Esùs entendem que lhe estão chamando para adentrar a casa e a pessoa padece as conseqüências... 

É essencial contentar Esù e não provocá-lo com assovios ou com qualquer outro tabu... Emboscados em cada caminho, dispões de nossa vida em todos os momentos, pode jogar com ela como bem entender. Dono das chaves que “abrem e fecham os caminhos e portas”, do Além e da Terra, aos Deuses e Mortais... e as abre e fecha à sorte e à desgraça, segundo seus caprichos... embora pequeno, temos de considerar Esù, sem discussão, o mais temível dos Òrìsà... 

Então para minha felicidade... eis que surge uma nova pergunta: Baba! Então porque Òsányín assovia? Este direito lhe é concedido porque Òsányín pertence à família de Esù. Embora parente não seja e de forma alguma um “caminho de Èsù” e sim uma Divindade totalmente distinta, assim como Ale “o inventor da aguardente” também pertence a esta família, mas não é Esù. 

Se por um descuido você assoviar na mata se apresentarão Òsányín e Esù e a eles você deverá prestar conta do chamado... deixe esta prática de assoviar na floresta para os caçadores e admiradores de pássaros silvestres.


segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Consciência negra. Qual é a ligação com a umbanda?

Hoje, 20 de novembro. Mais um dia para se falar de consciência negra... mais um dia para falar do feriado... eu sou umbandista, candomblecista, juremeiro, quimbandeiro... Para mim é só mais um feriado!

Será que realmente é só mais um feriado? Dentro de nossas religiões de matrizes africanas não temos nenhuma reflexão à fazer sobre hoje...?

E se pensarmos no sofrimento que os nossos queridos vôzinhos e vózinhas sofreram enquanto vivos, apenas por serem negros...?

E se pensarmos nas violências que você umbandista, candomblecista, juremeiro, quimbandeiro ou outro adepto de qualquer outra religião de matriz africana sofre, ouve ou presencia a cada dia...?

E se pensarmos em cada gota de sangue ou em cada lágrima que os negros escravizados derramaram para pedir clemência aos seus orixás...? Orixás estes que pedimos, agradecemos e cultuamos hoje...

E se pensarmos nas vezes que alguém perguntou para você qual era a sua religião e como resposta disse: "sou espírita..." , "não tenho religião..." , ou simplesmente desconversou sobre o assunto...?

E se pensarmos nas vezes que você teve que usar um símbolo de sua religião, por qualquer motivo que seja, e você escondeu ou usou como um simples adorno...?

E se pensarmos nas vezes que vimos alguém usando uma peça de roupa branca, seja bata, calça ou vestido e pensamos ou ouvimos "olha lá um macumbeiro..." ?

E se pensarmos em todas as vezes que tivemos que assistir à um video que alguém está apanhando ou é obrigado a quebrar seus pertences simplesmente porque tem essa religião como crença...?

Será mesmo que não temos nada ou motivo nenhum para refletirmos sobre o dia de hoje...? 

Será que realmente é só mais um feriado...?

Será que eu não tenho nada haver com isso tudo...?

(Regiane Oho)





sábado, 18 de novembro de 2017

Quartinhas

As quartinhas de santo, são jarrinhos nos quais preenchemos de água e oferecemos ao orixá a água é a fonte da vida e por isso é imprescindível.

Dentro da quartinha do orixá pode ter a Otà (pedra), Omin (àgua) e talvez haja um Obì (fruto sagrado).

O dono da quartinha troca a água (tirar a água velha e por uma nova) e depois acende uma vela, fazendo pedidos e agradecendo ao orixá. Tudo isso simboliza uma renovação do axé e da vida, já que a vida (água) foi renovada.

A quartinha parece ter vida, pois ela transpira por meio do material de que foi feito. Devemos ter muito respeito por ela, pois é uma união de energias, todas essas entre você e seu orixá.

A quartinha fica ao lado do assentamento do mesmo orixá, fazendo assim uma maior conscentração de energia.

As quartinhas de barro podem ser oferecidas aos orixás homens, com exceção à Oxaguian e Oxalufan (orixás funfun) que recebem quartinhas de louça branca.

As yabás (orixás mulheres) recebem geralmente quartinhas de louça florida e enfeitada de suas respectivas cores; Iansã em muitas casas recebe quartinha de Barro.

As quartinhas com asa é entregue às orixás mulheres e sem asa para os orixás homens.

Antigamente na Àfrica todas as quartinhas eram de barro, mas com a vinda dos negros para o Brasil, as escravas se encantaram pelas porcelanas portuguesas das senhoras, e assim passaram a enfeitar mais esses pequenos jarrinhos.



sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Imagine...

Imagine um abraço fraterno em 360 graus:

Isso é Umbanda.

Imagine uma vela acesa com Fé gerando mais energia que uma usina nuclear:

Isso é Umbanda.

Imagine Divindades, Anjos, Santos, Sábios, Magos, Gênios, Sacerdotes, Xamãs, Babalaôs, Pajés, Iogues, Iniciados, Cientistas, Curadores, Trabalhadores da Caridade de todas as épocas e culturas voltando à Terra para restaurar a Paz e a Lei Maior:

Isso é Umbanda.

Imagine a última peça que falta no milenar “quebra-cabeça” que compõe a sua Alma:

Isso é Umbanda.

Imagine traumas, neuroses, fobias, vírus e bactérias físicas e astrais sendo dissolvidos na baforada de um cachimbo:

Isso é Umbanda.

Imagine a Pemba traçando e reproduzindo os Códigos Sagrados da Criação:

Isso é Umbanda.

Imagine o padê de Exu promovendo a harmonia entre Luz e Trevas:

Isso é Umbanda.

Imagine o médium descalço vestido de branco iluminando-se por dentro:

Isso é Umbanda.

Imagine o consulente confortado e esclarecido subindo mais um degrau evolutivo:

Isso é Umbanda.

Imagine o Homem servindo a Natureza e a Natureza servindo o Homem:

Isso é Umbanda.

Imagine o sal das lágrimas misturando-se ao sal do Mar, Ventre de Yemanjá:

Isso é Umbanda.

Imagine a flecha certeira de Oxossi alinhando Razão, Emoção e Ação:

Isso é Umbanda.

Imagine a espada de Ogum abrindo caminho no cipoal das ilusões humanas:

Isso é Umbanda.

Imagine o machado de Xangô aparando as arestas do Karma Planetário:

Isso é Umbanda.

Imagine Oxalá retirando os espinhos de teu coração e Oxum cobrindo com mel teus ferimentos:

Isso é Umbanda.

Agora, deixe de imaginar...

Pois tudo isso não é sonho, é realidade vivida e sentida

A toda hora, todo dia, ao som de um belo ponto cantado

No abraço do Caboclo,

No toque do Preto  Velho,

Na brincadeira da Criança,

No olhar do Exu Guardião,

No sorriso do Baiano,

No balanço do Marinheiro,

No encanto da Cigana,

Na ginga do Malandro,

No laço do Boiadeiro...

...meu Filho:

ISSO É UMBANDA!

(Álvaro Vinícius)

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Umbanda, 109 anos praticando a caridade!

No dia 15 de novembro de 1908, o Caboclo das 7 Encruzilhadas incorporou no médium Zélio de Moraes iniciando uma religião chamada UMBANDA. Religião que pregaria o amor e a caridade à todos que necessitassem!

Hoje, a nossa querida umbanda completa 109 anos de muito amor distribuído, de muita caridade praticada, muitos abraços dados a quem mais precisava em algum momento difícil ou alegre de sua vida!

Os filhos desta linda religião já conquistaram muitas coisas, com muita dor, luta e suor, mas precisamos conquistar muito mais!

Em novembro de 2016, o prefeito do Rio de Janeiro, decretou a Umbanda como Patrimônio Cultural Imaterial da cidade. Desde então a prefeitura começou a cadastrar os terreiros de umbanda.

Na última semana do mês de outubro deste ano, o Ministério da Cultura entrou com um pedido ao Instituto de Patrimônio Histórico e de Arte Nacional - IPHAN para tornar as religiões de Umbanda e Candomblé patrimônios nacionais.

Outra conquista foi em 16 de maio de 2012, a lei número 12644 foi aprovada instituindo o dia 15 de novembro o Dia Nacional da Umbanda.

Estes três fatos citados acima demonstra o resultado de uma grande luta de nossos irmãos de fé,  porém precisamos continuar lutando para que a intolerância religiosa possa algum dia não existir mais.

Vamos fazer desse dia, um dia para refletirmos e mostrar que nossa religião é merecedora de todo o respeito assim como todas as religiões que aqui existem.

Graças ao Caboclo das 7 Encruzilhada que um dia, aqui em terra se manifestou, que hoje podemos saravar junto com todas as linhas de umbanda.

Salve a Umbanda!




terça-feira, 14 de novembro de 2017

Oxum faz as mulheres estéreis

Logo que o mundo foi criado,

todos os orixás vieram para a Terra

e começaram a tomar decisões e dividir encargos entre eles,

conciliábulos nos quais somente os homens podiam participar. 

Oxum não se conformava com essa situação. 

Ressentida pela exclusão, ela vingou-se dos orixás masculinos.

Condenou todas as mulheres à esterilidade,

de sorte de qualquer iniciativa masculina

no sentido da fertilidade era fafada ao fracasso.

Por isso, os homens foram consultar Olodumare.

Estavam muito alarmados e não sabiam o que fazer

sem filhos para criar nem herdeiros para quem deixar suas posses,

sem novos braços para criar novas riquezas e fazer as guerras

e sem descendentes para não deixar morrer suas memórias. 

Olodumare soube, então,  que Oxum fora excluída das reuniões.

Ele aconselhou os orixás a convidá-la, e as outras mulheres, 

pois sem Oxum e seu poder sobre a fecundidade 

nada poderia ir adiante.

Os orixás seguiram os sábios conselhos de Olodumare

e assim suas iniciativas voltaram a ter sucesso.

As mulheres tornaram a gerar filhos

e a vida na Terra prosperou.

(Mitologia dos orixás - Reginaldo Prandi)



segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Ritual de prosperidade com os ciganos

A linha dos ciganos na umbanda mostra a alegria desse povo, mas também mostra os seus mistérios, suas magias, suas artes de leituras de cartas ou mãos por exemplo. É uma linha que os consulentes vem pedir ajuda principalmente financeira. 

Se você está precisando de uma ajudinha, confira esse ritual abaixo. Você precisará de:

- 1 taça virgem
- meia taça de mel puro
- 7 colherzinhas de pó de ouro( vende em casa de artigos religiosos)
- 1 vela de 7 dias dourada 
- 7 paus de canela 
- 7 anis estrelados
- 1 colher bem cheia de orégano

Coloque o mel na taça e encha com pó de ouro mexendo muito bem e logo acenda a vela ao lado pedindo clientes se tiver comércio, caminhos, prosperidade, etc...
Peça com fé aos ciganos do ouro e da prata! Quando a vela acabar coloque a taça em um local do seu agrado, pode por também atrás de sua porta ou onde achar melhor! 

No mesmo dia do ritual ferva 2 litros de água com ANIS, CANELA e ORÉGANO, tome o banho do ombro pra baixo pedindo PROSPERIDADE! 





domingo, 12 de novembro de 2017

Yànsán, a senhora das tardes

Oyá teve nove filhos, uns dizem que foi com Ògúm outros que foi com Shàngó , oito nasceram mudos e o último nasceu um Égúm e graças aos sacrifícios recomendados por Ifà, nasceu com o poder de falar com voz estranha e sobrenatural, chamada Segi, que imita a voz do macaco africano chamado Ijimarè, macaco que é consagrado aos Érés.

1 – Imalagà: Nasceu no primeiro dia do Eboykú arrancado do ventre de Oya pelas Ìyámi, e foi envolvido em abanos;

2 – Iorugà: Foi envolvido na palha seca e alimentado com talos de bananeira. Nasceu com a vaidade de Oya e é o preferido;

3 – Akugà: Nasceu no terceiro dia da tempestade e foi criado nas touceiras de bambu. É rebelde. Não se deve tocar o chão do bambuzal;

4 – Urugà: Alimenta-se das folhas da bananeira e esconde-se nas florestas. Faz buracos;

5 – Omorugà: Alimenta-se do pó do bambu que está caído no chão. Vive no milharal e fica escondido nos bambuzais observando os seres humanos;

6 – Demó: Oyá cobriu-o de lama para saber os segredos de seus inimigos. Usa pele de búfalo para acompanhar Òshóòsì;

7 – Reigá: Acompanha os mortos e ronda os cemitérios. Esconde-se nas grandes árvores dos cemitérios e ronda as sepulturas a procura de objetos perdidos ou esquecidos pelas pessoas;

8 – Heigà: É violento e vive perseguindo o Ori do ser humano. Propicia desastres e desordens;

9 – Egungun: Oyá preparou-o para combater. Ele se apossa do ser humano, fazendo-o cometer desatinos.

Oyá carrega um par de chifres que deu a seus filhos, dizendo-lhes que se precisassem dela batesse um no outro que ela viria de onde estivesse para acudi-los, também um instrumento de madeira com o rabo do búfalo que serve para afastar os Égùns , chama-se Orukeré.

Recebeu de Shàngó o título de Yànsán , que quer dizer , “a senhora das tardes “, pois chegava sempre as tardes , linda e esvoaçante com sua roupa de fogo.

Rainha de muito brilho e amabilidade, Dona do vermelho, manipuladora do fogo e dos ventos fortes. Oya, recebeu de Olorún o titulo de L’Oyá Fefe Idé (Oyá dona dos ventos fortes).

Ela é a dona do Axêxê, pois foi criado por Oshóssi e quando o mesmo morreu, ela ficou tão desolada pois não tinha más ninguém para compensar tamanha solidão, levava todos os dias de quinta-feira os pratos prediletos de Oshóssi nas matas e fazia um verdadeiro banquete. Seu emblema é o Erukerê e a Ofanje .

É tida como ” Yá Osú ” mãe do vermelho. Suas principais  iguarias são os Acarás, o Amalá e o Ekuru



sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Os dezesseis irmãos

Conta a lenda que eram dezesseis irmãos: Okaram, Megioko, Etaogunda, Yorossum, Oxé, Odí, Edjioenile, Ossá, Ofum, Owarin, Edjilaxebora, Ogilaban, Iká, Obetagunda, Alafia e Obará.

Entre todos, Obará era o mais pobre, vivendo em uma casinha de palha no meio da floresta, com sua vida humilde e simples.

Um dia, os irmãos foram fazer a visita anual ao Babalaô para fazer suas consultas, e prontamente o Babalaô perguntou: 

- Onde está o irmão mais pobre? 

Os outros irmãos disseram-lhe que havia se adoentado e não poderia comparecer, mas na verdade eles tinham vergonha do irmão pobre. Como era de costume o Babalaô presenteou a cada irmão com uma lembrança, simples, mas de coração e após a consulta foram todos a caminho de casa. Enquanto caminhavam, maldiziam o presente dado pelo Babalaô: 

- Morangas? Isso é presente que se dê? Abóboras? 

A noite se aproximava e a casa de Obará estava perto, resolveram então passar a noite lá. Chegando a casa do irmão, todos entraram e foram muito bem recebidos, Obará pediu a esposa que preparasse comida e bebida a todos, e acabaram com tudo o que havia para comer na casa. 

O dia raiando, os irmãos foram embora sem agradecer, mas antes lhe deixaram as abóboras como presente, pois se negavam a comê-las.

Na hora do almoço, a esposa de Obará lhe disse que não havia mais nada o que comer, apenas as abóboras que não estavam boas, mas Obará pediu-lhe que as fizesse assim mesmo. Quando abriram as abóboras, dentro delas haviam várias riquezas em ouro e pedras preciosas e Obará prosperou.

Tempos depois, os irmãos de Obará passavam por tempos de miséria, e foram ao Babalaô para tentar resolver a situação, ao chegar lá escutaram a multidão saldando um príncipe em seu cavalo branco e muitos servos em sua comitiva entrando na cidade, quando olharam para o príncipe perceberam que era seu irmão Obará e perguntaram ao Babalaô como poderia ser possível e ele respondeu: 

- Lembram-se das abóboras que vos dei? Dentro haviam riquezas em pedras e ouro, mas a vaidade e orgulho não vos deixaram ver e hoje quem era o mais pobre tornou-se o mais rico.


Foram então os irmãos ao palácio de Obará para tentar recuperar as abóboras e lá chegando, disseram a Obará que lhes devolvessem as abóboras e este assim o fez, mas antes esvaziou todas e disse: Eis aqui meus irmãos, as abóboras que me deram para comer, agora são vocês que as comerão.

E quando o Babalaô em visita ao palácio de Obará lhe disse: 

- Enquanto não revelares o que tens, tu sempre terás.

 E foi assim que se explica o motivo que quem carrega este Odú não pode revelar o que tem pois corre o risco de perder tudo, como os irmãos de Obará.



quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Por que no Candomblé os yaôs são pintados??

Houve um tempo em que Ikú, a Morte, cansou-se de vagar pelos quatro cantos do mundo a ceifar vidas.

Resolveu então escolher uma cidade ao acaso e lá fazer sua morada. 

Não via necessidade de sair procurando a quem matar se podia muito bem cumprir sua missão em um lugar somente.

A cidade escolhida em pouco tempo cobriu-se de luto.

Iku não poupava a ninguém, adultos e crianças, homens e mulheres, jovens ou velhos, se passassem por ela, iriam para o túmulo.

A população entrou em desespero, não havia mais sossego, sair à rua tornou-se uma perigosa luta entre a vida e a morte.

Todos se esgueiravam pelos caminhos mais recônditos rezando para não serem apanhados pela nova moradora. 

Quando o medo se tornou incontrolável, só viram uma solução, procurar por Oxalá e implorar sua ajuda para que o povoado não desaparecesse de vez.

Oxalá, depois de estudar o caso atentamente, aconselhou que fossem feitas diversas oferendas para muitos orixás e ao final, pintassem uma galinha preta com o giz de efum e a soltassem perto da morada de Ikú.

Os mais velhos foram os escolhidos para esta última tarefa , com muito medo e sem entender como isso ajudaria no caso, pintaram as pontas das penas da galinha com o pó branco e a soltaram no quintal da casa da temida vizinha. 

Durante algum tempo nada aconteceu.

Chegou então a hora em que Ikú deveria sair para cumprir sua tarefa.

Ao abrir a porta e dar de frente com aquele animal tão estranho que avançava para ela com as asas abertas, tomou enorme susto e imediatamente fugiu deixando a cidade em paz.

Foi dessa forma que Oxalá criou a galinha d'angola e é em referência a esta passagem que nos candomblés as iaôs são pintadas como ela para que todos se curvem perante a sabedoria e compaixão do grande orixá!

Yaô de Nanâ - Terciliano Junior

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

O que são Abayomis?

ABAYOMI é uma palavra de origem yorubá (aldeia africana que situa-se, onde conhecemos hoje como Nigéria), ABAY significa ENCONTRO e OMI significa PRECIOSO, juntando os dois significados temos "encontro precioso" ou "precioso encontro". 

As abayomis são bonecas feitas de retalhos e nós. Não utiliza-se costura, cola ou nenhum tipo de técnica ou artifício para montagem dela. Se procurarmos  na história a sua origem, encontraremos a sua criação nos navios negreiros, época que o tráfico negreiro trazia negros escravizados para terras brasileiras. 

Nos navios vinham mulheres, homens, velhos, novos, crianças e principalmente estas ficavam muito assustadas com as condições no qual todos vinham e eram submetidos. As mãe para acalentar um pouco estas crianças, rasgavam pedaços de suas saias (quando tinha o que vestir), davam nós nos retalhos e depois de pronto entregavam para as crianças. 

Estas bonecas acabaram virando um simbolo de proteção para as crianças e de conforto também, pois no meio de todo o sofrimento, aquela boneca tinha o poder de mostrar e transmitir o grande amor que aquelas mães tinham pelas suas crianças e que elas, de uma certa forma, podiam se sentir protegidas.

A boneca não tem ligação nenhuma com religião, crença ou a mitologia, mas tem uma ligação muito forte com o passado de um povo que foi retirado de suas terras á força, sem condições nenhuma materialmente falando, sofreram com castigos físicos, violação de seus próprios corpos, humilhação e que, infelizmente, aparecem resquícios até hoje em nossa sociedade.

Veja algumas bonecas abayomis que o  nosso irmão Erik Mureno, do Terreiro de Umbanda Ogum de Lei e Vô Firmino de Angola, está fazendo!

Oxalá

Iemanjá

Oxum

Iansã

Oxóssi

Obaluayê


Nanã

terça-feira, 7 de novembro de 2017

Parábola da rosa

Um homem plantou uma rosa e passou a regá-la constantemente.

Antes que ela desabrochasse, ele a examinou e viu o botão que em breve desabrocharia, mas notou espinhos sobre o talo e pensou:

“Como pode uma flor tão bela vir de uma planta rodeada de espinhos tão afiados?”

Entristecido por este pensamento, ele se recusou a regá-la e, antes mesmo de estar pronta para desabrochar, ela morreu.

Assim é com muitas pessoas.

Dentro de cada alma há uma rosa: são as qualidades dadas para nós. 

Dentro de cada alma temos também os espinhos: são as nossas falhas.

Muitos de nós olhamos para dentro e vemos apenas os espinhos, os defeitos.

Nós nos desesperamos, achando que nada de bom pode vir de nosso interior.

Nós nos recusamos a regar o bem dentro de nós e, consequentemente, ele morre.

Nunca percebemos o nosso potencial.

Algumas pessoas não veem a rosa dentro delas mesmas.

Portanto alguém que está ao seu lado, deve mostrar a elas.

Um dos maiores dons que uma pessoa pode possuir ou compartilhar é ser capaz de passar pelos espinhos e encontrar a rosa dentro de outras pessoas.

Esta é a característica do amor.

Olhar uma pessoa e conhecer suas verdadeiras falhas.

Aceitar aquela pessoa em sua vida, enquanto reconhece a beleza em sua alma e ajudá-la a perceber que ela pode superar suas aparentes imperfeições.

Se nós mostrarmos a essas pessoas a rosa, elas superarão seus próprios espinhos.

Só assim elas poderão desabrochar muitas e muitas vezes.

Portanto sorriam e descubram as rosas que existem dentro de cada um de vocês e das pessoas que amam…

(Narrado por Sr. Exu Sete Porteiras)



segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Vale dos Orixás 2017

O dia de ontem foi simplesmente MARAVILHOSO!!! O Terreiro de Umbanda Ogum de Lei e Vô Firmino de Angola participou junto com o Terreiro de Umbanda Caboclo Rei das Matas e Vó Angelina e Vó Luiza, presidido por nosso Avô Babalorisá Wagner ty Osún, no trabalho realizado na mata do Vale dos Orixás situado no interior do Santuário Nacional da Umbanda.

O Santuário que fica no bairro do Montanhão, em Santo André (Grande ABC - São Paulo), foi fundado pelo Pai Ronaldo Linares na década de 1970. O lugar é mantido pela Federação Umbandista do Grande ABC e da ajuda de filhos de fé e simpatizantes que frequentam o espaço. São 645.000 km2 de mata nativa totalmente recuperada, com um laboratório botânico, um minhocário, um viveiro de mudas e uma Escola de Ecologia Prática orientando a comunidade de como devemos respeitar a natureza.

Os trabalhos de ontem começaram no Reino dos Exus, depois visitamos Obaluaiê, fizemos um ritual para a mãe Terra na companhia de Oxóssi, fomos abençoados pelas águas de Oxum em suas cachoeiras, sempre agradecendo por nossas graças alcançadas e pedindo por algo que estamos precisando no momento. Logo em seguida tivemos a gira com Ogum, os Marinheiros, os Caboclos e Boiadeiro, a linha das águas com as Yabás e fechamos com os Baianos.

Vejam um pouco de como foi o dia de ontem. Iniciando a viajem...

No ônibus...

Nosso Avô Babalorisá Wagner ty Osún

Na van a irmã Priscila, a madrinha de nosso terreiro dona Lúcia e a Dofona de Iemanjá

Nosso Pai Babalorisá Álvaro ty Osogyian e Dofonitinho de Osogyian

























Chegando no Santuário...


Santa Sarah de Kali 
Cabana dos Ciganos



Os Ciganos

Cabana dos Pretos Velhos e Pretas Velhas

Vózinha e Vôzinho

Nossa Senhora de Aparecida

Fonte de Iemanjá
























Na tenda onde aconteceu a gira...



Nosso Pai Babalorisá Álvaro ty Osogyian e nosso irmão Ricardo