sexta-feira, 30 de março de 2018

Logum Edé, o orixá da magia e da boa sorte


Estava Oxóssi o rei da caça a caminhar por um lindo bosque em companhia de sua amada esposa Oxum, dona da beleza da riqueza e portadora dos segredos da maternidade.

Quando de seu passeio, foi avistado por Oxum um lindo menino que estava a beira do caminho a chorar, encontrando-se perdido. Oxum de pronto agrado, acolheu e amparou o garoto, onde surgiu nesse exato momento uma grande identificação, entre ele, Oxum e Oxóssi. 

Durante muitos anos Oxum e Oxóssi, cuidaram e protegeram-lhe, sendo que, Oxum procurou durante todo esse tempo a mãe do menino, porém sem sucesso, resolveu tê-lo como próprio filho. O tempo foi passando e Oxóssi, vestiu o menino com roupas de caça e ornamentou-o com pele de animais, proveniente de suas caçadas. 

Ensinou a arte da caça, de como manejar e empunhar o arco e a flecha, ensinou os princípios da fraternidade para com as pessoas e o dom do plantio e da colheita, ensinou a ser audaz e a ter paciência, a arte e a leveza, a astúcia e a destreza, provenientes de um verdadeiro caçador. 

Oxum por sua fez, ensinou ao garoto o dom da beleza, o dom da elegância e da vaidade, ensinou a arte da feitiçaria, o poder da sedução, a viver e sobreviver sobre o mundo das águas doces, ensinou seus segredos e mistérios. 

Foi batizado por sua mãe e por seu pai de Logum Edé, o príncipe das matas e o caçador sobre as águas. Viveu durante anos sobre a proteção do pai e da mãe, tornando-se um só, aprendendo a ser homem, justo e bondoso, herdando a riqueza de Oxum e a fartura de Oxóssi, adquirindo princípios de um e de outro, tornando-se herdeiro até nos dias de hoje de tudo que seu pai Oxóssi carrega e sua mãe Oxum leva. 

Esse é Logum Edé.


quarta-feira, 28 de março de 2018

Terreiro não é bazar!


Terreiro não é bazar...

Terreiro de umbanda não é lâmpada mágica que esfrega, sai um guia e realiza um pedido. Terreiro de umbanda não é como uma varinha mágica que você sacode aparece um guia e realiza um desejo. É preciso compreender e entender que questões espirituais não é para brincadeira é para evolução do espírito. 

Um terreiro não existe para satisfazer o ego para dar coisas materiais. Um terreiro existe para cuidar do espírito e dar forças para que o espírito busque na matéria aquilo que ele deseja.

Então não olhemos para um terreiro de umbanda como uma loja, um comércio onde eu pago e levo o que quero. Até porque dentro de um terreiro os ensinamentos são, evolução, respeito, caridade, amor, fraternidade, união, luz, paz e esses sentimentos não se podem pagar eles são ensinados e cultivados não comprados. 

Na Umbanda não existe pague e leve. Na Umbanda existe aprenda e evolua, busque e conquiste.

A grande maioria das pessoas  gasta os dias esperando os dias passarem. Esperando as horas avançarem, as semanas acabarem, os meses terminarem, os anos virarem, mas elas não esperam quase nada de si. Elas querem que os relógios deem conta de conquistar a vida por elas.

Tia Maria de Angola.


terça-feira, 27 de março de 2018

7 coisas que você só descobre depois de se tornar Umbandista


1 – Usar branco não é fácil.

Pode parecer que é fácil, mas não é. 

Essa cor traz uma responsabilidade enorme. Você terá que aprender a vigiar seus atos, zelar pelo seu espiritual e entender que há irmãos que precisam, naquele momento, mais do que você. 

Então, você trocará festas, shows, amigos, bebidas e um dia de descanso, para se doar algumas horas para uma pessoa que você nunca viu e provavelmente nunca mais vai ver, mas posso te garantir, vale a pena.

2 – Você é um médium 24 horas por dia e não só no terreiro.

Não adianta você se enganar dizendo que é médium só no terreiro porque você não é. A mediunidade faz parte de você, sempre fez, e isso não vai mudar. Aos poucos você vai descobrir isso e entender que a espiritualidade não é culpada pela sua colheita. Eles te mostram um caminho, mas você tem um livre arbítrio e realiza suas próprias escolhas. Você planta, você colhe.

3 – As entidades não estão ali de brincadeira.

Nenhuma entidade está ali de brincadeira. Todas elas, sem exceção, estão ali para trabalhar, ensinar e também aprender, por isso, ouça-os com atenção e trate-os com muito carinho e respeito.

4 – Exu é uma entidade de Lei.

Você vai entender que Exu não está ali para brincar, beber, fumar, dar em cima de alguém ou amarrar uma pessoa. Não. Eles não são assim. Exus e Pombo Giras são entidades que trabalham nos planos inferiores sob a Lei do Pai Maior. São eles que nos protegem na entrada, na saída e nas encruzilhadas dessa vida. Alguns são brincalhões outros mais firmes, mas todos carregam consigo a seriedade em seu trabalho, se utilizando somente da energia da bebida e do fumo, nada mais. E se for preciso Exu trabalhar sem a bebida ou o fumo, ele trabalhará, sem dúvidas.

5 – É preciso ajudar e não só participar.

Ser médium e fazer parte de um terreiro não é só chegar no dia da gira e fazer seu trabalho. Não. Não é assim. 

O chão que você encontrou limpo, alguém limpou. A vela que você usou, alguém comprou. O banho que você tomou, alguém macerou. O local que você está, a luz que você utiliza e a água que você bebe, alguém pagou. Então, ajude… 

Ajude a limpar quando puder, leve o seu material de trabalho e, toda vez que possível, auxilie na compra daquilo que falta na casa, colabore com o que conseguir para a manutenção do aluguel, da água e da luz. Não. Isso não é sua obrigação, eu sei, mas também não é minha e nem do dirigente que ali se encontra. A obrigação é nossa. Nós temos que manter e cuidar do lugar onde nossa espiritualidade escolheu para trabalhar.

6 – Cansa.

Isso eu preciso te falar: irmão, cansa. Existe um antes, durante e depois, vou explicar:

ANTES de todo e qualquer trabalho, o terreiro precisa ser limpo da maneira correta e as firmezas precisam ser devidamente cuidadas. Você precisará se alimentar de maneira correta, tomar seu banho de defesa, acender suas velas e se direcionar ao terreiro, algumas horas antes do inicio dos trabalhos, para ajudar, tentando permanecer sempre em silêncio.

DURANTE todo e qualquer trabalho, você estará fornecendo e recebendo energias, então, é importante que o processo do ANTES tenha sido cumprido com rigor. Se você for médium de passe, lidará diretamente com energias. Se você for cambono, também lidará diretamente com energias, por isso, em todos os casos e cargos, é importante manter a firmeza.

DEPOIS de todo e qualquer trabalho, é preciso deixar o ambiente limpo de novo, então, pegue a vassoura, a pá, a esponja e mãos a obra. Dia seguinte você com certeza estará com o corpo dolorido, entretanto, digo mais uma vez a você: vale a pena.

7 – Você vai se apaixonar.

Independentemente dos seis itens acima, você vai se apaixonar. Seja você um cambono, um médium de passe, um médium em desenvolvimento, um futuro sacerdote ou um simples consulente, esteja você na corrente ou na assistência, você vai se apaixonar por essa religião e nada, NADA, vai pagar a sensação de paz que vai te invadir ao receber um abraço sincero de alguém que você nunca viu, ao ver um sorriso no rosto de quem chegou chorando, ao ouvir o mais simples e sincero “obrigado”… Nada vai pagar, nada paga por essa sensação...



sexta-feira, 23 de março de 2018

Iansã ajuda Iemanjá


Exu foi chamado ao reino de Olokun, senhor dos mares, para um trabalho que somente ele poderia realizar. Ao chegar à sala do trono, ficou encantado ao conhecer Iemanjá, a filha do rei, que andava pelo salão a procura de uma jóia que tinha perdido. A beleza da moça era indescritível e Exu sentiu o ardor da paixão queimar-lhe o peito.

Saiu determinado a cumprir a missão e voltar o quanto antes para pedir a mão da princesa. Nunca ele fora tão rápido no cumprimento de uma tarefa quanto naquela. Em dois dias estava de volta, apresentando as provas do sucesso da empreitada. Olokun ficou contentíssimo e ofereceu ao rapaz grandes riquezas, mas este foi inflexível. 

A ele somente interessava casar-se com Iemanjá. O monarca ficou extremamente irritado com tamanha audácia e mandou que o colocassem para fora de seus domínios. Exu jurou vingança. Nunca ninguém o tinha tratado daquela forma e não engoliria a desfeita tão facilmente.

Durante semanas nada mais fez a não ser arquitetar um plano para raptar a princesa. Certa manhã, Iemanjá, com um imenso séquito, passeava pelas areias da praia, quando um imenso buraco se abriu a seus pés e a tragou para seu interior. 

Foi tudo tão rápido que ninguém pôde fazer nada. A fenda se fechou como se ali nada jamais houvesse acontecido. Os escravos desesperaram-se, como contar ao rei o sucedido? Certamente seriam mortos sem piedade. Não havia quem não conhecesse a fúria real. Pensando dessa forma todos fugiram e nunca mais apareceram para testemunhar o ocorrido. Enquanto isso, nas profundezas da terra, Exu desvelava-se em carinho e atenção para ganhar o amor de Iemanjá.

Desesperado com o sumiço da filha, o velho rei foi procurar um Babalaô que lhe contou exatamente o que tinha acontecido e o aconselhou a procurar por Iansã, jovem guerreira que nada temia e, por sua rara beleza, poderia granjear a simpatia de Exu. 

Iansã foi chamada e prontificou-se a buscar a jovem. Providenciou uma oferenda a Ifá, pedindo proteção e força, e partiu para o resgate.

Depois de muito andar, sentiu sob os pés a quentura que denunciava a presença do sequestrador. Brandiu sua espada no ar, chamando os raios de seu domínio, e enfiou-a na terra com toda a força. 

Uma cratera se formou e a guerreira foi descendo lentamente. Logo avistou a bela moça sentada a um canto chorando copiosamente, a seu lado Exu afagava-lhe os longos cabelos fazendo juras de amor eterno.

- Vim buscar a princesa! - Seu tom de voz não deixava dúvidas, viera disposta a tudo.

- Como ousa invadir meu reino e ainda por cima ditar-me ordens? - Exu gritava descontrolado - Minha princesa daqui não sai! - Apontou para os pés de Yansã e um círculo de fogo se formou em torno dela, impedindo seu avanço.

- Não discutirei com você, peço a intercessão de Orunmilá, para cumprir a missão para a qual fui incumbida! 

Raios começaram a se espalhar por todo o espaço, uma ventania muito forte envolveu o corpo de Iansã, que assim chegou perto da moça que a tudo assistia perplexa. 

O homem foi jogado contra uma parede atingido pela violência do vento. Um redemoinho as envolveu transportando-as para o reino de Olokun.

O mar se abriu dando passagem para o pequeno tufão cavalgado por Iansã. Dos olhos do rei correram lágrimas de alegria e gratidão quando avistou em meio ao tormento o rosto da querida filha.

Iemanjá e Iansã tornaram-se amigas pela eternidade. Exu ainda está no interior da terra, algumas vezes chora por uma e pragueja contra a outra. Hoje muitos terreiros cantam que em pleno mar havia duas ventarolas. É a essa história que se referem!


quinta-feira, 22 de março de 2018

Cafundó


"Olê lê eu vim te ver, olá lá vim te buscar, olê lê cadê você, olá lá chega prá cá!"

Hoje a dica é o filme "Cafundó" com Lázaro Ramos. O filme conta um pouco sobre a nossa cultura e faz analogia a algumas entidades da umbanda como, por exemplo, a pombogira, exu, os orixás e o preto velho...

A história se passa em Sorocaba, São Paulo, século XIX, onde o escravo João de Camargo fica liberto e junto com seu companheiro Ciniro, ele começa a trilhar um caminho que vai levá-lo à sua missão: ajudar as pessoas necessitadas com o seu dom.

O filme mostra João se transformando em um líder de uma crença da mistura do cristianismo com a cultura de raízes africanas e indígenas. 

Filmado em 2003 no Paraná e São Paulo, Cafundó foi vencedor da edição de 2005 do Festival de Gramado, recebendo os Kikitos de Melhor Ator (Lázaro Ramos), Melhor Direção de Arte (Vera Hamburger), Melhor Direção de Fotografia (José Roberto Eliezer), Prêmio Especial do Júri e Prêmio Especial RGE (Rio Grande Energia) de Melhor Fotografia. 

Mesmo assim, demorou para entrar em cartaz no circuito comercial, mostrando que o cinema brasileiro ainda não tem tanto espaço entre o público e os exibidores em seu próprio país.

Vocês podem encontrar o filme em DVDs ou assistir no canal do Otávio Oliveira. Lembrando que este filme tem censura para menores de 16 anos.




quarta-feira, 21 de março de 2018

Chamado da umbanda


Não temos tempo a perder, a Umbanda nos chama.

Um chamado para nos religarmos com o sagrado que existe em nós.

Um chamado para adorarmos a Deus através de suas divindades, os Orixás.

Um chamado para melhorarmos a nós mesmos, para melhorarmos o universo ao nosso redor.

Um chamado para praticarmos a caridade, e estendermos todo o bem aos nossos semelhantes.

A Umbanda nos chama para a fé, e a fé faz o milagre acontecer.

A Umbanda nos chama para o amor, e o amor faz o ódio desaparecer.

A Umbanda nos chama para o conhecimento, e o conhecimento destrói a ignorância.

A Umbanda nos chama para vivermos e não apenas sobrevivermos.

A Umbanda nos chama para nos lembrar que se não damos o que recebemos, fatalmente perderemos o que temos.

A Umbanda nos chama para sentirmos o que antes não se sentia, para nomearmos os nossos sentimentos.

Sentir a calma, a paz, a vida, o tempo, a luz, a força, a esperança.

Viver com fé, com foco, com determinação, com coragem, com prazer.

Para estarmos próximos de Deus e Deus perto da gente.

A Umbanda é para todos que desejam ser plenos como seres espirituais vivendo experiencias humanas, para todos que querem razão para viver, razão para ser, razão para fazer.

A Umbanda nos chama para “fora” da escuridão de nossas mentes doentes e de nossas almas feridas, para “fora” das pertubações, do orgulho e do egoísmo.

O chamado que a Umbanda faz, é ” Venha sentir o corpo arrepiar, o coração acelerar, as lágrimas escorrerem pelo seu rosto enquanto seu sorriso mostra a felicidade interior que sentes”.

E também: “Venha como estás, e se permita ser transformado”.

O chamado que a Umbanda faz é “Venha, eu estava te aguardando, que bom que você chegou, espero que você fique. Bem vindo a ‘manifestação do espírito para a caridade', bem vindo ao meu colo e aos meus braços, sou eu quem te chamo e me chamo Umbanda”!



segunda-feira, 19 de março de 2018

A vela na umbanda


Ela fica presente em várias etapas nos trabalhos da Sagrada Umbanda.

Por vezes encontramos as velas vibracionais em congares, nas oferendas, pontos riscados, em firmamentos e assentamentos, firmando anjos de guarda e em quase todos os trabalhos de firmamento.

Quando um filho de Umbanda acende uma vela, mal sabe que está abrindo para sua mente uma porta interdimensional, onde sua mente consciente nem sonha com a força de seus poderes mentais.

A vela funciona na mente das pessoas como um código mental. Os estímulos visuais captados pela luz da chama da vela acendem, na verdade, a fogueira interior de cada um, despertando a lembrança de um passado muito distante, onde seus ancestrais, sentados ao redor do fogo,tomavam decisões que mudariam o curso de suas vidas.

A maioria dos umbandistas acendem velas para seus Guias de forma automática, num ritual mecânico, sem nenhuma concentração. 

É preciso muita concentração e respeito ao acender uma vela, pois a energia emitida pela mente do médium irá englobar a energia do fogo e, juntas, irão vibrar no espaço cósmico, para atender a razão da queima dessa vela.

Não é conveniente, ao encontrar uma vela acesa no portão do cemitério, nas encruzilhadas, embaixo de uma arvore, ao lado de uma oferenda, apaga-la por brincadeira ou por outra razão. 

Devemos respeitar a fé das pessoas. Quem assim o cometer, deve ter em mente, que poderá acarretar sérios problemas com esta atitude, de ordem espiritual. Precisamos respeitar o sentimento de religiosidade das pessoas, principalmente quando acender uma vela faz parte desse sentimento. Se acender uma vela a pessoa tiver um forte poder de magnetização, torna-se mais perigoso apagar a vela. Mas, se ela não estiver magnetizada, fica a critério de cada um.

Nos trabalhos de Umbanda existe uma grande preocupação com o uso de velas virgens, ou que não estejam quebradas.

Isso tem um grande fundamento, pois a vela virgem estava isenta da magnetização de uma vela usada anteriormente evitando assim um choque de energias, que geralmente anula o efeito do trabalho.

História

Quando o homem ainda habitava as cavernas nasce o primeiro resquício do que viria se tornar a vela.

Nas pinturas deixadas por essas populações foram encontrados desenhos que assemelhavam-se a recipientes que mantinham fogo aceso.

Dentro desses recipientes eram depositados gordura animal – em forma líquida – e fibras vegetais como se fosse um pavio que se encarregava de manter a “vela” queimando.

Depois de sua descoberta foram se aprimorando os métodos, e então começaram a ser confeccionadas velas desde as com sebo de animais (cheiro não muito agradável) até as produzidas com cera de abelhas (aromáticas).

O fato do calor remeter a vida e o frio a morte pode ter sido um dos motivos pelos quais as pessoas começaram a associar a vela ao poder de abençoar e afastar males de suas casas e vida.


Lista de velas, as cores e a quem se pode oferecer (normalmente)

Anjo da Guarda: Branca.
Oxalá: Branca.
Ogum: Vermelha.
Xangô: Marrom.
Obaluaiê/Omulú: Branca e Preta (uma só)
Oxóssi: Verde.
Iansã: Amarela.
Iemanjá: Azul claro.
Nanã: Lilás (Roxa).
Oxum: Azul escuro
Ibeijada, Erês (Criança): Rosa, Azul e Branca (tres velas juntas) ou Azul e Rosa (uma só).
Malandros:  Branca e Vermelha (uma só).
Ciganos: Vela de Mel, de Ouro, Amarelo ou Laranja.
Boiadeiro: Marrom.
Caboclo: Verde. 
Preto velho: Branco e Preto (uma só)
Baianos: Branca ou Amarela. 
Marinheiro: Branca e Azul (uma só).
Pombo Gira: Vermelha 
Exu: Preto
Exu Mirim: Preto e Vermelho (uma só)

Lembrando que:

- Na falta de qualquer cor das velas citadas, a vela BRANCA é universal e pode ser oferecido para qualquer orixá ou guia.

- Cada casa tem a sua utilização de velas e as cores podem sofrer mudanças.

- No candomblé as velas normalmente são utilizadas na cor Branca.




sexta-feira, 16 de março de 2018

O nascimento de Osogyian


Nasceu dentro de uma concha de caramujo. 

Não tinha mãe. E quando nasceu, não tinha cabeça, por isso perambulava pelo mundo, sem sentido e sem rumo.

Um dia encontrou Ori numa estrada e este lhe deu uma cabeça feita de inhame pilado. 

Apesar de feliz com sua nova cabeça branca, ela esquentava muito, e quando esquentava Osogyian criava mais conflitos. E sofria muito.

Um dia encontrou a morte (iku), que lhe ofereceu uma cabeça fria. Apesar do medo que sentia, o calor era insuportável, e ele acabou aceitando a cabeça preta que a morte lhe deu. 

Mas essa cabeça era dolorida e fria demais. Osogyian ficou triste, porque a morte com sua frieza estava o tempo todo com o orixá.

Então Ogum apareceu e deu sua espada para Osogyian, que espantou Iku. 

Ogum também tentou arrancar a cabeça preta de cima da cabeça branca, mas tanto apertou que as duas se fundiram e Osogyian ficou com a cabeça azul, agora equilibrada e sem problemas.

A partir deste dia ele e Ogum andam juntos transformando o mundo. 

Osogyian depositando o conflito de idéias e valores que mudam o mundo e Ogum fornecendo os meios para a transformação, seja a tecnologia ou a guerra.



quinta-feira, 15 de março de 2018

O compadre de Ogum


Esta semana temos uma novidade! Teremos a partir de hoje um cantinho onde o blog irá apresentar para vocês alguns filmes, livros, músicas ou artistas que mostram um pouquinho sobre a cultura afro-brasileira e acaba divulgando os nossos orixás ou a nossa religião.

Hoje vamos começar falando sobre o livro de Jorge Amado, "O Compadre de Ogum". Jorge Amado conta nesse livro a história de Massu e a sua dificuldade em encontrar um padrinho para seu filho.

No meio da confusão, Ogum se manifesta e quer ser o padrinho do menino, mas como fazer a vontade desse grande orixá se o padre da igreja não quer nem ouvir a palavra orixá? E para completar, Exú quer atrapalhar os planos de Ogum... 

Massu e seus amigos precisam encontrar uma solução bem rápido para este problema... 

O enredo traz  a magia da Bahia, com os orixás, a igreja católica e o evangélico em uma história deliciosa de se conhecer! 

Você encontra a história em livro ou em um longa que foi exibido pela rede globo e divulgado pelo canal no youtube Nefer Sphinx.




quarta-feira, 14 de março de 2018

O médium folgado


Médium folgado aparece de vez em quando. 

É o último a chegar e o primeiro a ir embora. Sempre com uma boa desculpa na ponta da língua. Chega no templo, troca de roupa, põe a fofoca em dia e vai para corrente. 

Corpo físico e vaidade presentes, espírito e caridade ausentes. Bate a cabeça diante do congá, mas a sua cabeça está em outro lugar... repete mecanicamente os pontos cantados feito robô ou papagaio, sem sentir a emoção sagrada que abre os portais do coração para as dimensões superiores da vida.

Durante os trabalhos, confunde as sábias intuições do Guia (que por um extremo de compaixão AINDA o acompanha, sabe Deus até quando...) com o lixo venenoso de seu subconsciente.

Resultado: passes energéticos precários, consultas e conselhos estúpidos... coitados dos consulentes! Trabalho extra para os trabalhadores invisíveis da casa. Coitados também dos outros médiuns, esses sérios e responsáveis, que são obrigados a triplicar sua doação de energia na sustentação da corrente para compensar a negligência do médium folgado, insensato e leviano. 

Terminada a gira de atendimento, lá vai o médium para o vestiário se trocar rapidinho. Varrer o chão do terreiro? Tirar o lixo dos banheiros? Ajudar os demais companheiros? Acertar as mensalidades em atraso? Que nada! 

- Tem um montão de médium aí à toa para cuidar disso. Melhor sair de fininho, pois tenho outro compromisso! 

Ao sair para rua, sente uma coisa estranha: um peso desagradável nos ombros acompanhado de súbita confusão mental, uma sensação de vazio interior indefinível... lá vai o médium folgado arrastando atrás de si feito um imã humano vários " kiumbas folgados" barrados na triagem vibratória feita pelos guardiões astrais na "porteira" do templo. 

Todos eles pegando carona em seu campo áurico totalmente desequilibrado e "folgado". "Punição divina?" "Castigo de Orixá?" Bobagem, meus caros! É apenas aplicação pura e simples da Lei. 

Neste caso, a Lei das afinidades. Ao contrário do "médium folgado" e seus colegas astrais igualmente folgados, a Lei não folga. A Lei não dorme. "Cada um recebe o que merece. E merece o que recebe..." 

Não está longe o dia em que o médium folgado sairá deste templo de Umbanda falando mal de seu dirigente, do corpo mediúnico, dos consulentes, dos guias e protetores que lhe deram amorosa acolhida e oportunidade de serviço regenerador... ele logo partirá em busca de outro lugar, crença ou distração que lhe forneça apenas os benefícios passageiros do "entretenimento" em vez dos benefícios permanentes do "comprometimento".

Mensagem do Sr. Exú Marabô recebida pelo médium Vanderlei Alves.



segunda-feira, 12 de março de 2018

Novidades!!!


Irmãos de fé, logo, logo teremos novidades aqui!

Fiquem de olho! Não percam!


O que é mediunidade e como desenvolver?


Nos últimos meses, algumas pessoas que estão conhecendo a umbanda agora, e os muito curiosos, começaram a me fazer a seguinte pergunta: "o que é mediunidade?", "o que é desenvolvimento?" ou "como desenvolver a mediunidade?". E questionando, se outras pessoas também tem essas mesmas dúvidas, resolvi escrever um pouco sobre o tema.

Quando procuramos alguma definição da palavra mediunidade em algum dicionário ou na própria internet, encontramos a seguinte definição: "substantivo feminino, qualidade, faculdade ou dom de médium, medianimidade". Mas na prática o que é ser médium?  

Não conseguimos datar o ano da primeira manifestação mediúnica na história da humanidade, mas existem indícios que em povos, como os celtas, que existiam grupos fechados de sacerdotes especializados em comunicação com o além.

No decorrer do tempo, temos as irmãs Fox que criaram uma espécie de código, com batidas, para se comunicar com os espíritos que elas acreditavam existir na casa em que moravam. Mas foi com o pedagogo francês Allan Kardec que apareceram fatos que comprovaram a existência de espíritos e foi ele que codificou o espiritismo.

Como já vimos, a umbanda é uma religião de matrizes africanas, porém que tem fortes influências também dos índios e dos europeus com o catolicismo e o espiritismo. Por tanto na umbanda existe a mediunidade e os médiuns que são "a ponte" que liga o homem (encarnado) aos espirito (desencarnado).

Como descobrir se sou médium? Existem alguns sintomas que podem indicar que você tenha a mediunidade mais aflorada, pois todos carregam a mediunidade, ou seja, todos nós somos médiuns, porém uns mais aflorada outros menos. 

Sonhos que se realizam, intuição muito forte, sensação que está sendo acompanhada ou que alguém está perto de você, sensações de que o lugar que você está tem algo errado ou o ar está pesado, entre outros sintomas, podem indicar a mediunidade aflorada. 

Como você desenvolve a mediunidade? Depende muito de qual caminho você quer seguir. Se for no espiritismo o desenvolvimento é completamente diferente que um terreiro de umbanda realiza. Na umbanda você precisa:

- Escolher uma casa/terreiro/barracão que sentir melhor e que você confie, pois é nesse lugar que provavelmente começará o seu desenvolvimento e os seus cuidados espirituais.

- Conversar com o pai/a mãe de santo ou o guia chefe da casa para ter a certeza de que a sua mediunidade é de incorporação.

- Tomar seus banhos indicados pelo pai/mãe de santo nos períodos estabelecidos pelos mesmos.

- Frequentar, depois que estiver na corrente da casa, as giras de desenvolvimento para começar a reconhecer as energias de seus guias e seus pais de cabeça.

Basicamente são esses procedimentos que todo médium que está em desenvolvimento passam, lembrando sempre que cada caso é um caso e que cada casa tem os seus procedimentos.

Espero que este artigo tenha esclarecido um pouco das muitas dúvidas que os novatos e os curiosos sobre a mediunidade tem. Se tiverem mais dúvidas deixem em seus comentários logo abaixo do artigo. Se quiserem deixem sugestões também para os próximos artigos.



sexta-feira, 9 de março de 2018

Oxum e Iansã



Oxum me contou que quando Iansã, rainha dos ventos e tempestades, estava com seu coração confuso, cheio de mágoa e tristeza, ela ia se lavar nas águas doces de Oxum.

Ela pedia colo e conselhos, pedia conforto e um pouco do amor incondicional de Mamãe.

Quando Iansã chegava, Oxum se alegrava e a recebia de braços abertos, enfeitava seus lindos cabelos com o primeiro desabrochar das rosas vermelhas mais lindas que encontrava e pedia aos passarinhos que cantassem suas melodias mais doces. 

Oxum envolvia sua querida irmã com seus raios dourados e esperava pacientemente que se acalmasse e assim pudesse contar tudo o que se escondia naquele coração tão amado. 

Depois de um longo tempo em que Iansã aliviava seu coração e encontrava em Oxum o retorno para suas emoções e o equilíbrio necessário, algo misterioso sempre acontecia. 

Quem olhasse de longe poderia ver o deslumbrante e a perfeição dos movimentos que a água e o vento geravam, plenos como em uma dança, as duas energias giravam e giravam, uma alimentando e elevando a outra. 

O que acontecia é que Mamãe Oxum se alimentava da ira e tristeza de Iansã. 

Se fortalecia, se iluminava e conseguia todo o conforto e energia necessários para encontrar o caminho do mar, principalmente para superar suas próprias dores e tristezas. 

Uma protegia a outra, uma alimentava a outra e juntas eram capazes de trazer força e amor a todos que por elas clamavam...



quinta-feira, 8 de março de 2018

As mulheres e as yabás.


Mulheres... Ah mulheres...

Nós mulheres temos um pouco de cada yabá, mesmo sendo filhas de uma determinada orixá.

Nós somos iguais a Iemanjá, uma mãe sempre preocupada com as pessoas queridas que estão a nossa volta. Dando atenção, tentando proteger e distribuindo o amor intenso a todos seja amigos, familiares ou conhecidos queridos.

Tem momentos que parecemos Oxum, querendo chamar a atenção daquele amigo que está conversando com outra pessoa, ou aquele menino bonito que você está interessada. Faz de tudo para chamar a atenção, e quando consegue se faz de desentendida.

As vezes Iansã é que fica muito próximos a nós. Por um momento jogamos tudo o que está a nossa frente, como as tempestades que pertence a essa yabá!

Com doçura e ingenuidade, tem dia que parecemos Obá. As coisas acontecem em nossa frente, mas não vemos a maldade de quem fez e tentamos explicar o porque disto.

Tem dia que acordamos um pouco rabujentas, reclamando de tudo. Mas de repente parecemos que vemos tudo muito claro, com a clareza da sabedoria de tantos anos nas costas vividos... Parecemos Nanã com a sua sabedoria que conseguiu através dos anos vividos!

Temos também um mistério que muitos tentam descobrir, mas poucos conseguem chegar a conclusão. Assim como Ewá, a orixá misteriosa e encantada, que somente as virgens podem vê-las!

Assim somos nós mulheres. Cada momento uma yabá está próximo a nós, cada momento parecemos com uma yabá.

Somos assim... Parecidas com as yabás... Apenas mulheres...

(Autor: Regiane Oho)




quarta-feira, 7 de março de 2018

Oração de Oxalá


Meu Pai Oxalá, neste dia que começa, venho pedir a paz a alegria e seu grande axé!

Reveste-me com a Vossa Luz e destrua as trevas que atravessarem meus caminhos.

Envolva-me em seu pano branco de paz, em tua Luz, a cada instante de meu dia.

Que Vossa sábia ajuda seja minha companheira durante todo o dia, e ilumine meu dia através de Vossa divina inspiração.

Que eu encontre neste dia, pessoas a quem eu possa confiar e compartilhar Vossa energia de paz, trazendo conforto a quem necessita e que eu possa receber somente as boas emanações da energia das pessoas.

Que eu possa conviver com todos  que me cercarem hoje e com Vossa emanação de paz, todos sintam que minha presença seja amigável. Com Vossa Luz Meu Pai Oxalá, faça com que todos que vejam minhas vitórias, sintam-se também vitoriosos!

Que este dia eu compartilhe com todos a Luz de um Dia de Vitória, pois tenho sofrido injustiças e dores na alma e peço agora a paz e o alívio para o corpo e para o espírito. Traga sucesso em meus trabalhos para que eu tenha um dia de realizações positivas.

Que assim seja!

Epi epi Babà!



segunda-feira, 5 de março de 2018

Maria Escolástica da Conceição Nazaré, Mãe Menininha


Hoje iniciamos uma semana muito especial, a Semana Internacional das mulheres! E como não podíamos ficar de fora, vamos dedicar essa semana à figura feminina dentro de nossa religião. Vamos começar falando de uma das Yalorisás mais importantes para a cultura afro-brasileira e um simbolo de luta para o candomblé: Mãe Menininha!

Maria Escolástica da Conceição Nazaré foi Mãe Menininha, a grande Yalorisá do Gantois. Neta de escravos, Mãe Menininha nasceu em 10 de fevereiro de 1894 em Salvador, Bahia. Foi iniciada no candomblé pela tia-avó Pulchéria, por quem Menininha herdou o barracão. 

"Menininha" foi o apelido dado, por sua avó, à uma menina pobre da periferia de Salvador que improvisava seus bonecos e nomeava-os com nomes dos orixás e gostava de brincar de jogar búzios. Ela era bisneta de Maria Julia da Conceição Nazaré que fundou o Terreiro do Gantois.

Filha de Oxum, escolhida pelos orixás, não tinha 30 anos quando assumiu a liderança do terreiro e por causa disto muitos não viram esse fato com bons olhos, mas com a doçura, carisma e diplomacia, a Yalorisá conseguiu modificar a situação.

Liderou o Terreiro do Gantois por mais de sessenta anos e por todo esse tempo divulgou e explicou o Candomblé para quem quisesse entender a sua religião. Teve uma boa relação com os artistas, políticos e intelectuais e soube conquistar o respeito de outros lideres e sacerdotes da religião.

Mãe Menininha enfrentou o preconceito que a sociedade tinha em relação aos adeptos do candomblé. Neste momento não existia a liberdade de culto e os terreiros eram frequentemente invadidos por policiais sofrendo perseguições e violências. 

Foi a Yalorisá mais famosa do país e isso, a popularidade e o reconhecimento, para muitos pesquisadores foi de suma importância para aumentar a aceitação do candomblé na sociedade.

Maria Escolástica casou-se com Álvaro McDowell de Oliveira, advogado, descendentes de ingleses e teve duas filhas: Carmem (atual Yalorisá do Gantois) e Cleusa. Recebeu muitos prêmios, títulos e homenagens, dentre eles "Madrinha do afoxé" do qual mais gostava.

Dorival Caymmi compôs a famosa música "Oração a Mãe Menininha" que é conhecida até hoje. Jorge Amado, Antônio Carlos Magalhães, Vinicius de Moraes, Maria Bethânia e Caetano Veloso eram alguns dos famosos que se aconselhavam com a Yalorisá.

Mãe Menininha faleceu em 13 de agosto de 1986 em Salvador e foi sepultada no Cemitério Jardim da Saudade na mesma cidade.


Bibliografia:






sexta-feira, 2 de março de 2018

A protetora das grávidas


Numa manhã de sol uma bela mulher negra se banhava nas águas límpidas de um rio; “seu lar” – era Oxum.

De repente ela se levantou e foi com os braços abertos reverenciar uma das sublimes criações de Olodumarè – o sol; em nome de Obatalá.

Resolveu aproveitar a tamanha beleza do dia e saiu andando sem rumo. Se distanciando do seu reino.

À medida que se afastava foi notando que havia muitas mulheres e homens, mas nenhuma criança nas redondezas.

Oxum ficou intrigada, pois no seu reino os seres que mais imperavam eram as crianças onde ela era a mãe de todas.

Depois de muito andar, viu várias mulheres com aspecto muito triste e perguntou:

-  Senhora! Porque caminha tão triste e só; por essas veredas?

Uma delas respondeu:  

- Estamos muito infelizes, nenhuma mulher consegue engravidar, todos os homens estão saindo da cidade  e nos abandonando.

Oxum nesse momento lembrou-se do seu instrumento inseparável o  espelho! Olhou com firmeza para ele e logo soube como resolver esse mistério.

- Venham todas! Olhem no meu espelho, uma de cada vez. 

Assim fizeram e cada uma que olhava ficava apavorada com o que via. Logo compreenderam porque os homens fugiam delas.

Oxum sendo muito vaidosa e bondosa, levou todas elas para o seu reino e lá chegando tratou logo de ensiná-las como cuidar da aparência, da higiene e mostrou que com bons modos, delicadeza e inteligência elas poderiam conquistar seus maridos e com isso teriam filhos lindos e saudáveis. 

Mas para que tudo desse certo era preciso consultar o oráculo para saber qual ebó tinha que ser feito para que cada uma tivesse o resultado tão esperado. 

O ebó consistia em que todas fossem para a cachoeira do seu reino e limpassem todo o limo das pedras até que ficassem reluzentes e em seguida, mergulhassem e trouxessem cada uma um peixe e fossem para suas casas. Lá chegando deveriam fazer o peixe rezando e pedindo o que quisessem e em seguida alimentar seu marido.

Algum tempo depois todas as mulheres apareceram grávidas e todas saudaram Oxum. Daquela data em diante Oxum seria para todo o sempre a mãe de todas as crianças e a protetora de todas as grávidas.
              
Ora yê yê Oxum!